Talvez não tenha havido de fato um poeta chamado Homero, mas, mesmo que tenha existido, os dois magníficos poemas atribuídos a ele - a Ilíada e a Odisseia - são claramente obra de mais de um homem. Os acontecimentos míticos ou semimíticos aos quais se referem - o sítio de Troia e a jornada de volta para casa empenhada por Ulisses - estão situados no fim da Idade do Bronze, e as crianças gregas os vinham escutando sentadas no joelho de suas mães por séculos antes que chegassem à forma escrita pela primeira vez.
Os Jogos Olímpicos eram o evento mais importante de uma série de festivais atléticos similares, em que jovens competiam pela glória de suas poleis. Eles aconteciam em Olympia, um abastado centro religioso perto da costa oeste do Peloponeso, a grande península que forma a parte meridional do território grego. Esse festival adquiriu proporções tão grandes na percepção dos gregos que se tornou a base de seu cálculo de tempo. No calendário grego, os anos eram contados a partir da suposta data dos primeiros jogos a terem sido realizados, fixada em 776 a.C. Os intervalos de quatro anos entre jogos sucessivos eram referidos como Primeira Olimpíada, Segunda Olimpíada e assim por diante. No início, a competição ocorreu em um dia e envolveu apenas um evento, uma corrida de 180 metros. Ao longo dos três ou quatro séculos seguintes a programação foi ampliada para incluir salto, arremesso, luta e corrida de carros, até acabar durando um total de cinco dias. Os vencedores recebiam apenas uma coroa feita de ramos de oliveira como prêmio, mas a fama que conquistavam, nas próprias cidades e por todo o mundo falante de grego, é evocativa da veneração heroica que em nossa época dedicamos a Pelé ou Maradona. Como seria de se esperar, com tanta coisa em jogo, o profissionalismo logo passou a dar o ar de sua graça. Como os clubes de futebol nos dias atuais, algumas das poleis passariam mais tarde a recrutar atletas profissionais de lugares distantes.
Atletas, ca. 470 a.C.
Foto: Marie-Lan Nguyen
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AYDON, Cyril. A história do homem: uma introdução a 150 mil anos de história humana. Rio de Janeiro: Record, 2011. p. 90.
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