"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 9 de abril de 2013

Guerras persas

Batalha de Salamina, Wilhelm von Kaulbach

Nos fins do século VI a.C., o império persa havia estendido seus limites até as vizinhanças da Hélade, ao norte e ao leste, e submetido as cidades gregas da Ásia Menor. O choque entre helenos e persas fazia-se inevitável e iminente.

Em consequência dos pesados tributos exigidos e do controle militar imposto às cidades jônias pelo rei persa Dario, estas se revoltaram, chefiadas pela cidade de Mileto. Apesar do apoio de tropas enviadas pelas cidades de Atenas e de Erétria, os jônios foram derrotados e Mileto destruída.

Dario, após subjugar as colônias gregas na Ásia, passou a exigir também a submissão das cidades gregas da Europa. Dessas, quatro recusaram-se a sacrificar sua independência: Atenas, Erétria, Platéia e Esparta. Essa recusa deu início às guerras persas.

1ª Guerra Pérsica (499-490)
499 Mileto (com o auxílio de Atenas) e outras cidades gregas da Jônia revoltam-se contra os persas.

494 Reação de Dario. Apodera-se de Mileto e a destrói inteiramente.

492 Para castigar os atenienses, Dario envia uma primeira expedição naval. Mas a frota persa é destruída por uma tempestade, nas costas da Calcídica, perto do monte Atos.


O soldado de Maratona, Luc-Olivier Merson

490 Dario manda pedir "a terra e a água" às cidades gregas. Algumas, assustadas, submetem-se. Atenas e Esparta rejeitam o ultimato. Mardônio, genro de Dario, comandando uma frota de 600 navios, parte da ilha de Samos e desembarca na planície de Maratona, uns 30 km ao norte de Atenas. Os atenienses organizam rapidamente seu exército: 10.000 hoplitas ajudados por 1.000 soldados de Platéia. Os espartanos não comparecem alegando motivos religiosos. Chefe militar ateniense: Milcíades. Os persas, embora muito superiores em número, sofrem fragorosa derrota na batalha de Maratona. Atenas salva a Grécia.


Hoplitas. Cerâmica, ca 540 a.C.

485 Morre Dario. Sucede-o seu filho Xerxes.

2ª Guerra Pérsica (480-479)
480 Xerxes invade a Grécia com um exército colossal (300.000 homens) e uma grande frota (800 navios). Leônidas e mais 300 espartanos sucumbem heroicamente no desfiladeiro das Termópilas.


Estrangeiro, leva esta mensagem aos lacedemônios: 
Aqui jazemos, porque obedecemos às suas leis.
Aos heróis das Termópilas


Leônidas nas Termópilas, Jacques Louis David

Xerxes invade a Ática, toma, saqueia e queima Atenas. Batalha naval de Salamina: vitória dos gregos (Temístocles, ateniense, é o herói da jornada). Xerxes regressa à Ásia. Ficam, na Grécia central, 300.000 soldados persas, sob o comando de Mardônio.

479 Os helenos (25.000), sob a direção do rei de Esparta, Pausânias, vencem os persas na batalha de Platéia, na Beócia. Simultaneamente, a frota grega destrói os restos da frota persa, em Micale (ou Micala), no litoral jônio, perto de Mileto.

3ª Guerra Pérsica (476-449)
477 Atenas organiza a Liga de Delos, uma confederação de cidades gregas destinada à defesa comum contra os ataques dos persas.

Como sede da Liga, foi escolhida a Ilha de Delos, onde se localiza o oráculo tantas vezes consultado pelos atenienses antes das batalhas. Para o tesouro da Liga, cada cidade-membro contribuía com homens, navios e principalmente dinheiro. As contribuições eram administradas por Aristides, um dos principais idealizadores da Liga. Na realidade, Atenas mantinha uma posição hegemônica sobre as cidades-membros, e, aos poucos, sobretudo a partir do governo de Temístocles, a Liga de Delos foi-se transformando de uma aliança de Estados iguais e autônomos em uma confederação de cidades subordinadas ao poderoso Estado ateniense. Este impedia de forma violenta que as cidades aliadas abandonassem a Liga. O Tesouro, sediado em Delos, foi transferido para a Acrópole de Atenas em 454 a.C., e seus recursos usados na reconstrução e embelezamento da cidade. Atenas serviu-se da Liga de Delos para transformá-la em um grande império marítimo e comercial. (AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008. p. 285-286)

476 A Liga de elos declara guerra ao rei persa. Dá-se o comando das forças confederadas ao ateniense Címon (filho de Milcíades). Címon luta incessantemente contra os persas: no mar Egeu, nas costas da Calcídica e da Trácia.

468 Címon vence os persas na batalha naval de Eurimedonte.

449 Após uma ofensiva ateniense em Chipre, os persas assinam o tratado de Paz de Cálias (ou de Címon), reconhecendo o predomínio grego no Mar Egeu e a independência das colônias gregas da Ásia Menor.

Litografia mostrando guerreiros da Grécia Antiga: uma variedade trajes e armamentos, Albert Racinet

Ao final das guerras persas, em virtude da Liga de Delos, Atenas formava um poderoso império, controlando todo o mar Egeu e as rotas abastecedoras da Ásia. Essa supremacia ateniense, entretanto, gerou invejas e ódios das demais cidades e provocou em toda a Grécia conflitos de gravíssimas consequências, que custaram aos gregos a perda de sua liberdade.

AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008. p. 285-286.

BECKER, Idel. Pequena História da Civilização Ocidental. São Paulo: Nacional, 1980. p. 127-128.

HOLLANDA, Sérgio Buarque de (org.). História da Civilização. São Paulo: Nacional, 1980. p. 62 e 64.

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