Ao contrário do que se possa pensar, a Conquista não se concretizou de maneira sempre igual. Uma de suas principais características foi o fato de se ter efetuado segundo modalidades diversas, sendo a variedade explicada como resultado do confronto entre a dinâmica das empresas conquistadoras e a heterogeneidade cultural das sociedades indígenas, bem como a densidade demográfica dessas sociedades nativas.
Araucanos, Giulio Ferrario
Nas regiões onde viviam sociedades indígenas portadoras de Culturas Primitivas, as populações nativas foram expulsas ou massacradas porque seu fraco potencial de trabalho e a ausência de excedentes de produção tornavam esses grupos inadequados aos interesses dos conquistadores. Essa modalidade de conquista ocorreu nas Antilhas, Argentina e Uruguai, além de outras áreas de colonização europeia na América.
[...]
Nas regiões ocupadas por sociedades indígenas de Média e Alta Culturas, onde a concentração populacional era grande, a hierarquização social apresentava-se bem definida, a economia tinha excedentes produzidos por mão-de-obra trabalhando em relações de produção baseadas na servidão coletiva, os sistemas políticos eram, ou tendiam a ser, centralizados, a Conquista se fez pela subjugação dos ameríndios. Essa modalidade ocorreu sobretudo nas áreas dos Impérios Inca, Asteca e Maia, o que explica terem os indígenas persistido como componentes predominantes da população do Peru, Bolívia, Equador, México e outras atuais Repúblicas latino-americanas: seja segregados em verdadeiros bolsões étnicos, seja submetidos a processos de mestiçagem.
Modalidade inteiramente diferente das duas anteriores foi o ocorrido no Paraguai. Desde os primeiros contatos entre os espanhóis e os índios guaranis criou-se uma interdependência: os guaranis corriam o risco de serem submetidos pelos guaicurus e pelos paiaguás, e tiveram a ajuda dos brancos; em troca, os espanhóis obtiveram guias, alimentos, carregadores, mulheres e contingentes auxiliares de guerreiros para as suas expedições a regiões do Alto Peru. O resultado foi a fusão biológica e cultural de espanhóis e guaranis, possibilitando que a população do Paraguai seja basicamente mestiça.
Apesar das variantes ocorridas, a Conquista acarretou a destruição total ou parcial da América Indígena e conduziu à formação de uma classe proletária ou marginal indígena, até hoje vivendo em condições subumanas.
AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das Sociedades Americanas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. p. 68-69.
Nenhum comentário:
Postar um comentário