Faraó Akhenaton, XVIIIª dinastia. A revolução religiosa de Akhenaton ainda hoje fascina os historiadores. Aqui ele é retratado com sua esposa, Nefertiti, e com sua filha sentada no colo. O disco solar, representando o deus Aton, avulta acima.
O Novo Império começou em 1579 a.C. com a guerra de libertação contra os hicsos. Essa guerra deu origem a uma militância intensiva, que encontrou expressão na construção de um império. Faraós de espírito militar conquistaram territórios que se estendiam para o leste até o rio Eufrates. O Egito obteve tributos e escravos de seus Estados súditos. As conquistas levaram à expansão da burocracia, à criação de um exército profissional e ao fortalecimento do poder dos sacerdotes, cujos templos partilhavam dos espólios de guerra. A formação do império pôs fim ao isolamento egípcio e acelerou o intercâmbio comercial e cultural com outros povos. Durante esse período, a arte egípcia, por exemplo, mostrou a influência de formas estrangeiras.
O cosmopolitismo crescente encontrou paralelo num movimento pelo monoteísmo durante o reinado do faraó Amenófis IV (c. 1369-1353 a.C.), que buscou substituir o politeísmo tradicional pelo culto a Aton, um deus único, representado como o disco solar. Amenófis adotou o nome de Akhenaton ("o que apraz a Aton") e transferiu a capital de Tebas para uma cidade sagrada recém-construída, chamada Akhetaton. A cidade tinha palácios, centros administrativos e um conjunto de templos em honra a Aton. Akhenaton e sua esposa Nefertite - que teve papel destacado em sua corte -, devotaram-se a Aton, o criador do mundo, mantenedor da vida, o deus do amor, da justiça e da paz. Akhenaton também ordenou que os nomes de outros deuses fossem apagados das inscrições nos templos e monumentos. Era com um temor respeitoso que ele glorificava Aton:
Como são múltiplas as tuas obras
Estão ocultas aos olhos do homem.
Ó Deus único, sem igual,
Fizeste a terra segundo teu desejo.
O "monoteísmo" de Akhenaton teve reduzido impacto entre a maioria dos egípcios, que conservou suas crenças antigas, e encontrou resistência entre os sacerdotes, que se ressentiram das modificações introduzidas pelo faraó. Pouco depois da morte de Akhenaton, o novo rei mandou destruir os monumentos a Aton, bem como as inscrições e os registros com o nome de Akhenaton.
As questões históricas mais significativas relacionadas com Akhenaton são: sua religião era um monoteísmo autêntico, que impulsionou o pensamento religioso numa nova direção. Se assim foi, teria influenciado Moisés, que liderou os israelitas para fora do Egito, cerca de um século mais tarde? Essas perguntas provocaram controvérsias entre os historiadores. A principal limitação ao caráter monoteísta do atonismo está no fato de que, na realidade, havia dois deuses na religião de Akhenaton - Aton e o próprio faraó, que ainda era adorado como divino. Não existe tampouco nenhuma evidência de que Akhenaton tenha influenciado o monoteísmo de Moisés. Além disso, os hebreus nunca identificaram seu Deus com o Sol ou qualquer outro elemento da natureza.
Mais tarde, no século XIII a.C., os líbios, procurando provavelmente instalar-se na terra mais fértil do Egito, atacaram-no a partir do oeste, e os Povos do Mar, como eram chamados os salteadores nômades da área do mar Egeu e da Ásia Menor, lançaram uma série de ataques ao Egito. Enfraquecido, o país abandonou seu império. Nos séculos que se sucederam, o Egito caiu sob o domínio dos líbios, núbios, assírios, persas e, finalmente, dos gregos, para os quais perdeu sua independência no século IV a.C.
MARVIN, Perry. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 18-19.
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