Afresco da Idade do Bronze em Santorini (Grécia): rebanhos, pastores, guerreiros e um naufrágio
Os arqueólogos já encontraram muitas cidades perdidas. Isto significa que toda civilização perdida foi real? Significa, por exemplo, que os cientistas ou exploradores algum dia encontrarão a nação submersa de Atlântida? Opa. Eu disse Atlântida? Não há espaço [...] para entrar nem em uma pequena fração das teorias sobre onde ficava e o que foi Atlântida - se é que ela existiu [...].
Cabeça feminina, c. 2800-2300 a.C.
Crianças boxeando, afresco (Akrotiri)
A história do continente perdido de Atlântida descreve uma terra de paz e fartura destruída por um cataclisma repentino. A história data dos escritos do filósofo grego Platão (por volta de 428 - 347 a.C.), que usou Atlântida para explicar a relação entre a ordem social e o bom governo. Mas a descrição de Platão abre espaço para interpretações e as pessoas vêm interpretando há mais de 2000 anos.
Harpista, c. 2800-2700 a.C.
Se Atlântida não ficava no Oceano Atlântico, logo após Gibraltar, saindo do Mediterrâneo (e a geologia parece apontar que ela não poderia ficar lá), então, onde ela ficava? Historiadores, arqueólogos, místicos e profetas autodeclarados discutem ferozmente sobre o local. Suposições contrárias colocam o continente perdido em toda parte, desde a Inglaterra até o Triângulo das Bermudas e a Bolívia, do Colorado até o Mar da China. Uma das teorias afirma que Atlântida ficava em outro planeta. E há histórias em quadrinhos que ilustram Atlântida dentro de uma enorme bolha de plástico no fundo do oceano. Praticamente todas as teorias devem levar em consideração o fato de Platão ter pego a história de Atlântida indiretamente de um estadista ateniense, Sólon, que, supostamente, a pegou com sábios em uma visita ao Egito, em aproximadamente 590 a.C. Como Platão escreveu sua versão quase dois séculos depois, por volta de 360 a.C., os detalhes podem ter mudado ao longo do percurso, ou pelo menos é o que creem muitos buscadores de Atlântida.
Garoto nu, afresco em Santorini (Grécia)
Uma das teorias menos absurdas é a de que a história da Atlântida é uma interpretação do desastre vulcânico que destruiu Santorini, uma ilha do Mediterrâneo. Arqueólogos e geólogos modernos estudaram o modo como o cataclisma de Santorini provocou um monstruoso tsunami, seguido pelo escurecimento do céu por causa das cinzas, e que devastou a civilização Minoana nas proximidades de Creta.
Figura masculina, c. 2800-2300 a.C.
Santorini (também conhecida como Thera) fica a aproximadamente 72 quilômetros ao norte de Creta, que era o centro da cultura Minoana. As ruínas minoanas são cheias do que restou de Santorini, mas isso é apenas uma pequena parte do que foi a ilha até aproximadamente 1500 a.C., quando o vulcão de 1500 metros que existia no centro da ilha explodiu e afundou no mar. Desde então, a ilha é um crescente ao redor de uma lagoa que fica dentro da cratera do vulcão. As erupções vulcânicas continuaram por 30 anos, chegando a um clímax devastador: uma enorme onda. Ela derrubou as casas das ilhas de toda a região.
Flotilha, afresco em Santorini (Grécia)
Dama de Akrotiri com papiro, afresco em Santorini
O tsunami dizimou a população e a chuva de cinzas vulcânicas que se seguiu acabou com a civilização Minoana. Ninguém sabe ao certo se o sumiço de Santorini tem algo a ver com o início da lenda de uma civilização perdida, mas as notícias de um evento catastrófico como este se espalharam pelo Mediterrâneo e, com o tempo, se transformaram em lenda.
HAUGEN, Peter. História do Mundo para Leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. p. 25-26.
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