Por meio da história da alimentação,
pode-se saber da coexistência de instrumentos de pedra e de ferro no
desenvolver das sociedades africanas ao sul da Floresta Tropical. Mantinha-se o
recurso da coleta, da caça e da pesca juntamente com a atividade agrícola. A
Idade do Ferro foi solidamente implantada nos inícios do século III de nossa
era. O cultivo de cereais, segundo dados arqueológicos, já era uma prática por
volta do ano 700. As culturas mais antigas da região eram então praticadas
pelas comunidades, como o inhame e a palmeira para o óleo. É provável que, na
segunda metade do primeiro milênio da nossa era, a África Central tenha adotado
as plantas vindas da Ásia: banana e cana-de-açúcar.
A história da agricultura
tornou-se e manteve-se um dos temas mais centrais dos Estudos Africanos. Onde
ocorreram maior densidade populacional e períodos intermitentes de estiagem, o
uso da terra foi mais desenvolvido. Os botânicos afirmam que muitos dos grãos
alimentícios africanos evoluíram a partir de plantas locais, o que contradiz a
ideia antiga de historiadores de uma difusão da agricultura a partir de um único
lugar, o crescente fértil do Oriente Médio. Ou seja, a agricultura nasceu na África.
O cultivo de vegetais surgiu
quando as populações descobriram que tubérculos, como o inhame, poderiam se
renovar caso fossem cultivados. A palmeira de dendê, de onde se extrai o óleo,
era cultivada tanto nas zonas de florestas como nas savanas. A domesticação dos
vegetais africanos foi o primeiro passo para o cultivo de cereais como o sorgo,
uma espécie de milho miúdo, usado no fabrico de bebidas, papas e pães.
A história da produção do peixe
seco ocupa grande espaço na história de muitas sociedades africanas, processo
iniciado há mais de 10 mil anos. Pescadores dominavam os cursos de água, eram
os fornecedores de peixe seco e compravam sal para a preservação do peixe; além
de manterem contato com os comerciantes locais nas feiras e mercados para sua
venda e seu transporte.
Há cerca de 6 mil anos, a região
da África Central passou por um processo de domesticação de animais que incluíam
cabras, ovelhas, porcos, galinhas e, nas zonas mais propícias com pasto
adequado, o gado selvagem se transforma em rebanhos domesticados. Por meio dos
traçados das pinturas rupestres e dos ossos pré-históricos, é possível reconstruir
essa trajetória.
Domesticação de animais. Pintura rupestre. Namíbia
Foto: Harald Süpfle
Entre os séculos XI e XV, os sítios
arqueológicos mostram algumas zonas de grande densidade populacional, as técnicas
metalúrgicas foram aperfeiçoadas, assim como se expandiram as áreas comerciais.
A cerâmica antiga de Kingabwa (Kinshasa) indica a existência, antes do século
XVII, de correntes comerciais entre o Kongo e a região do Kasai, que formavam o
cruzamento de rotas comerciais. Os símbolos do poder eram os grandes machados, sinos
do rei e facas de arremesso.
PANTOJA, Selma. Uma antiga civilização africana: história da
África Central Ocidental. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011.
p. 21-22.
NOTA: O texto "O mundo dos caçadores e coletores na África Central Ocidental" não representa, necessariamente, o
pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a
construção do conhecimento histórico.
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