Os grupos da Tradição Guarani que habitavam o litoral catarinense também são conhecidos como Carijó (denominação dada pelos colonizadores portugueses, a partir do século XVI), cuja última leva migratória chegou à região durante o período pré-colonial. Apesar de autores apontarem que os dados sobre a sua origem são contraditórios e imprecisos, conta-se que eles partiram da Amazônia em direção ao Sul, utilizando para isso os rios Paraná e Uruguai.
Como os grupos da Tradição Itararé, os Guarani também se destacam pela cerâmica, de grande variedade de formas e tamanhos. No entanto, apresentam pelo menos duas diferenças fundamentais. A primeira é que as peças produzidas pelos Guarani, além do uso em afazeres do dia-a-dia, também eram utilizadas em rituais da tribo, como no caso das "urnas funerárias". E a segunda é o fato de que as peças mais elaboradas eram sempre decoradas, com fundo branco ou vermelho e superfície com linhas vermelhas e pretas. Os motivos apresentavam linhas em zigue-zague, onduladas e aspiradas e triângulos.
Além das peças em cerâmica, os Guarani também produziam objetos a partir de outras matérias-primas como madeira, ossos, dentes, conchas, pedras e fibras vegetais. Entre esses objetos, encontram-se lâminas e pontas de flechas, e objetos para adornos como colares.
Apesar de também praticarem a pesca e a caça, os Guarani eram prioritariamente agricultores e cultivaram produtos como mandioca, cará, abóbora, milho, algodão, pimenta, inhame e tabaco (este último deduzido pela presença, em muitos sítios arqueológicos, de pequenos "cachimbos" de cerâmica). Segundo pesquisas, os Guarani foram responsáveis pela dispersão, no Sul do continente, de várias plantas oriundas da região amazônica.
O declínio dos povos da Tradição Guarani não só na Ilha de Santa Catarina, mas em toda a região Sul, teve como ponto crucial a chegada dos colonizadores europeus, sobretudo por volta do século XVII, quando a ocupação passou a ocorrer com maior frequência. Além de indefesos diante da tecnologia bélica dos invasores, os Guarani sucumbiram também diante de doenças como gripe, varíola, sarampo, malária, tuberculose, tifo, entre outras, que foram responsáveis pela morte de muitos índios. Restou aos Guarani a tentativa de sobreviver em pequenos grupos, mudando frequentemente o local de seus assentamentos.
Passado presente: Índia guarani
Ainda hoje, descendentes dos índios Guarani, vivem na região da Grande Florianópolis. Eles estão em pequenas "áreas indígenas", localizadas às margens da rodovia BR-101, nos municípios de Palhoça e Biguaçu, onde produzem e comercializam peças de artesanatos (cestos de vime, arcos e animais talhados em madeira). Parte do que é produzido também é comercializada nas ruas do centro de Florianópolis.
GONÇALVES, Alexandre et alli. Aventura arqueológica na Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Lagoa Editora, 2003. p. 12-14.
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