A evolução social teve por sua vez outros efeitos. O regime aristocrático avivava as lutas de partidos. Os vencidos dos conflitos anteriores não tinham outro recurso senão a expatriação, e como o direito de velhice igualmente expulsava os moços da terra familiar, a emigração recomeçou com intensidade, acelerada pela atração da viagem, tão viva entre os gregos.
As cidades gregas da Ásia Menor continuaram assim a ser abastecidas de homens empreendedores; depressa foram belas capitais.
Os dórios batalhavam ainda para submeter a Grécia continental e já seus vizinhos asiáticos, com Mileto, Éfeso, Focéia e tantos outros, estavam em plena criação - cidades industriosas que enxameavam suas oficinas nas ilhas do mármore, Naxos e Paros, nos centros metalúrgicos das Cíclades, ricas em ferro, Samos e Creta, povoavam o Oriente Próximo de seus bronzes e baixos-relevos, e imprimiam em tudo o espírito de aventura e de heroísmo que em Esmirna os poemas homéricos celebravam - por isso, bem cedo sua epopéia foi cara aos corações dos gregos.
Héracles e Atena. Vaso ático. Python e Douris.
Formava-se assim entre essas cidades, tomadas da mesma necessidade de vida, uma solidariedade intelectual cujas zonas de influência eram marcadas pelos progressos da língua grega. As costas da Ásia Menor eram a ardente forja onde, de dialetos diversos, se moldava uma língua homogênea.
Como Creta, os gregos da Ásia trocavam a guerra pelo laço dos intercâmbios entre os homens e o fascínio de uma civilização.
RIBARD, André. A prodigiosa história da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964. V. 1. p. 75-6.
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