Como éramos vistos pela Europa no século dezesseis?
Pelos olhos de Theodor de Bry.
Esse artista de Liége, que nunca esteve na América, foi o primeiro a desenhar os habitantes do Novo Mundo.
Suas gravuras eram a tradução gráfica das crônicas dos conquistadores.
Pelo que essas imagens mostravam, a carne dos conquistadores europeus, dourada nas brasas, era o prato predileto dos selvagens americanos.
Canibais, Theodro de Bry
Eles devoravam braços, pernas, costelas e ventres e chupavam os dedos, sentados em círculo, diante das churrasqueiras ardentes.
Mas, e perdoe o incômodo: eram índios aqueles famintos de carne humana?
Nos gravados de De Bry, todos os índios eram carecas.
Na América, não havia nenhum índio careca.
GALEANO, Eduardo. O caçador de histórias. Porto Alegre: L&PM, 2016. p. 26.
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