Na estrada para Dwarka, Abhimanyu e Subhadra
encontram Ghatotkacha. Cena da história do casamento de Abhimanyu e Vatsala. Artista desconhecido
O Extremo Oriente é a parte do continente asiático que, durante a Antiguidade, viveu processos históricos independentes do conjunto mediterrânico.
Esse afastamento, ou mesmo desligamento, não significou, porém, ausência de contatos: a área dos atuais Afeganistão e Paquistão foi intermediária entre as culturas do Extremo Oriente e as do Mediterrâneo (Ásia Ocidental), propiciando assim mútua influência. Além disso, existiram, desde as épocas mais remotas, relações comerciais entre as duas grandes regiões.
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[...] essas civilizações, ao contrário do que ocorreu com as civilizações centradas no Mediterrâneo, não se extinguiram. Elas passaram, evidentemente, por profundas e radicais transformações. Contudo, a ruptura com as características que as situavam em uma Idade Antiga foi bem mais tardia, ultrapassando em séculos a era cristã. Mas, ainda mais importante, para efeitos de diferenciação, é que essa ruptura não significou, aos respectivos povos, perda de identidade em relação ao seu passado remoto.
Os impérios orientais, apesar das distâncias e do isolamento em relação ao mundo mediterrânico, estabeleceram contatos políticos e militares com o Ocidente. Os territórios dos atuais Afeganistão e Paquistão foram áreas atingidas pelas conquistas persa e macedônica. A China, por sua vez, a partir do século IV, foi periodicamente invadida por nômades altaicos: hunos, turcos e mongóis. Esses grupos, usando cavalos, expandiram-se também sobre a Ásia Ocidental e a Europa, criando grandes impérios.
Dos hunos de Átila, do século V, aos mongóis de Gêngis Khan, dos séculos XII-XIII, a história do Extremo Oriente integrou-se à história europeia.
As sociedades antigas do Extremo Oriente estruturam-se também em uma base agrária.
A partir da economia agrícola, organizaram-se rígidos sistemas de divisão e estratificação sociais. O exemplo mais expressivo foi o sistema de castas da sociedade hindu.
O sistema de castas, cuja origem remonta ao período de instalação dos arianos, formou-se progressivamente no século I da era cristã. A distinção inicial estabeleceu-se a partir dos componentes étnicos. A palavra usada para indicar as castas (varna = cor) distinguia o invasor ariano, branco, do aborígene de cor escura. Na Índia védica (XVI-VII a.C.), apresentavam-se perfeitamente distintos os quatro grupos fundamentais: brâmanes (sacerdotes), xátrias (guerreiros), vaixás e sudras (trabalhadores).
De distinção étnica, o sistema de castas tornou-se a expressão das diferenças socioeconômicas, apresentando-se cada vez mais rígido. Ele estabelecia, ou pressupunha, uma total separação entre os grupos sociais: era proibido o casamento entre membros de castas diferentes. Além da distinção das funções, as castas tinham tipos e condições de vida distintos, inclusive as práticas e os ritos religiosos.
Mesmo onde e quando a sociedade não se apresentou tão rigidamente estratificada como na Índia, prevaleceu uma divisão segundo a qual os proprietários de terra constituíam a categoria social privilegiada e poderosa por excelência, enquanto o camponês, ou seja, o trabalhador da terra, compunha o segmento mais explorado e dominado.
Em todos os Estados extremo-orientais havia, também, a escravidão. O trabalho escravo, explorado pelos senhores de terra e, sobretudo, pelo Estado, representado pelo rei ou pelos templos, era largamente empregado nas grandes construções e em outras tarefas que exigiam mão-de-obra numerosa, como a irrigação de terras.
Os Estados do Extremo Oriente constituíram-se na forma de monarquias despóticas, nas quais se fundiam o poder político e o religioso. O soberano era chefe de Estado e sumo sacerdote, sendo em geral divinizado ou considerado descendente ou mandatário de deuses.
NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 86-8.
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