"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Jesuítas: aliados ou inimigos da Coroa e dos colonos?

As relações entre as autoridades portuguesas, os colonos e os jesuítas sempre foram complexas e ambíguas, variando também conforme as situações criadas pela atuação do quarto elemento: os índios.

Aldeia de índios tapuios cristianizados, Rugendas


A Coroa queria uma colônia pacífica, povoada e produtora de riquezas. Os colonos queriam escravos e mulheres que pudessem servi-los e satisfazer seus desejos sexuais. Os jesuítas queriam salvar a Europa dos protestantes heréticos e converter os pagãos da América, África e Ásia para aumentar a quantidade de católicos seguidores de seu modo de pensar. Os índios queriam viver em paz e a saída de todos os forasteiros.

Portanto, com relação aos índios, a Coroa não queria sua extinção, pois contava com eles para garantir a ocupação da colônia, mas não se importava muito com a maneira como eram usados para gerar riquezas. Os colonos, antes da importação maciça de africanos, queriam usar os índios como mão de obra escrava (e as índias como objeto sexual). Quando temiam os confrontos ou precisavam de ajuda para se adaptar, procuravam conviver pacificamente com os índios; quando pensavam que podiam submetê-los ou quando já contavam com os escravos africanos, passaram a desprezá-los.

Último Tamoio, Rodolfo Amoedo

Os jesuítas, por sua vez, procuravam conciliar os objetivos da Coroa e dos colonos com sua utopia de, com a conversão e a doutrinação dos índios, criar e liderar um povo de “cristãos puros e tementes a Deus”. Quando ajudavam a pacificar os nativos ou administrar a colônia, colaboravam com os interesses da Coroa e dos colonos. Quando se colocavam totalmente contra a escravidão indígena ou agiam com muita independência, entravam em atrito com eles.


MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia. São Paulo: Contexto, 2015. p. 29.

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