As
relações entre as autoridades portuguesas, os colonos e os jesuítas sempre
foram complexas e ambíguas, variando também conforme as situações criadas pela
atuação do quarto elemento: os índios.
Aldeia de índios tapuios cristianizados, Rugendas
A
Coroa queria uma colônia pacífica, povoada e produtora de riquezas. Os colonos
queriam escravos e mulheres que pudessem servi-los e satisfazer seus desejos
sexuais. Os jesuítas queriam salvar a Europa dos protestantes heréticos e
converter os pagãos da América, África e Ásia para aumentar a quantidade de
católicos seguidores de seu modo de pensar. Os índios queriam viver em paz e a
saída de todos os forasteiros.
Portanto,
com relação aos índios, a Coroa não queria sua extinção, pois contava com eles
para garantir a ocupação da colônia, mas não se importava muito com a maneira
como eram usados para gerar riquezas. Os colonos, antes da importação maciça de
africanos, queriam usar os índios como mão de obra escrava (e as índias como
objeto sexual). Quando temiam os confrontos ou precisavam de ajuda para se
adaptar, procuravam conviver pacificamente com os índios; quando pensavam que
podiam submetê-los ou quando já contavam com os escravos africanos, passaram a
desprezá-los.
Último Tamoio, Rodolfo Amoedo
Os
jesuítas, por sua vez, procuravam conciliar os objetivos da Coroa e dos colonos
com sua utopia de, com a conversão e a doutrinação dos índios, criar e liderar
um povo de “cristãos puros e tementes a Deus”. Quando ajudavam a pacificar os
nativos ou administrar a colônia, colaboravam com os interesses da Coroa e dos
colonos. Quando se colocavam totalmente contra a escravidão indígena ou agiam
com muita independência, entravam em atrito com eles.
MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia. São Paulo: Contexto, 2015. p. 29.
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