A morte do bandeirante, Antônio Parreiras
O imaginário social a respeito dos bandeirantes variou conforme o momento histórico. Nos primeiros tempos do século XVI, eles inspiraram um misto de respeito pela sua coragem, frugalidade e disposição de defender a sua vida contra ataques de índios e piratas. Por um lado, eram famosos pela sua dureza contra os índios que capturavam. Por outro, devido à sua ascendência, revelavam uma boa compreensão dos costumes indígenas e capacidade de se comunicar com índios. Quando foram necessários para as Guerras dos Bárbaros, foram bajulados pelos nordestinos e as autoridades portuguesas.
Bandeirante, Rodolfo Amoedo
A
descoberta do ouro no fim do século XVII valorizou ainda mais sua imagem.
Porém, esse prestígio logo se enfraqueceu em razão de inveja e competição pelas
riquezas minerais. Os testemunhos oficiais do século XVIII os descrevem como
“indomáveis”, “arrogantes” e “desobedientes perante a Coroa”.
O
século XX reforçou a imagem heroica depois substituída pela de “cruéis
destruidores de índios”. A ideia de heroísmo foi alimentada pelos paulistas,
que, desde a virada do século XIX para o XX, ascendiam economicamente no Brasil
com as lavouras de café e a industrialização; para coroar seu sucesso,
resgataram a figura dos bandeirantes como “grandes desbravadores”, “homens
corajosos e empreendedores” que, com suas expedições, ampliaram o território
brasileiro.
Chefe bandeirante, Henrique Bernardelli
O
desgaste da imagem dos bandeirantes no século XX decorreu da valorização dos
grupos indígenas e de sua cultura nos meios acadêmicos e em certos órgãos
governamentais.
Em
termos históricos, o mais adequado é compreendê-los situados em seu tempo
[...].
MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia. São Paulo: Contexto, 2015. p. 34-5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário