"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Homens de mármore

O Erecteion, Atenas, com figuras em primeiro plano, Charles Lock Eastlake

"Sonho com claustros de mármore
onde em silêncio divino
repousam heróis, de pé.
De noite, aos fulgores da alma,
falo com eles [...].
Estão em fila; choroso
me abraço a um mármore. - 'Ó mármore,
dizem que bebem teus filhos
o próprio sangue nas taças
envenenadas dos déspotas!
Que falam a língua torpe
dos libertinos! Que comem
reunidos o pão do opróbrio
na mesa tinta de sangue!
Que gastam em parolagem
as últimas fibras! Dizem,
ó mármore adormecido,
que tua raça está morta!'"


MARTÍ, José. Homens de mármore. In: LISBOA, Henriqueta (org.). Antologia de poemas para a juventude. São Paulo: Ediouro, 2005. p. 96.

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