Reunião do Conselho do Povo Germânico, S. Lankhout & Co.
Agricultores e pastores por necessidade, os bárbaros eram guerreiros por instinto e inclinação. O historiador romano Tácito descreveu-os como uma raça robusta de "olhos azuis e cabelo avermelhado; corpos grandes, especialmente fortes para o ataque", que considerava "fraqueza e indolência conseguir com o suor do rosto o que se pode ganhar derramando sangue".
A organização social deles estava voltada para a luta. O clã, a unidade básica, consistia num grupo de famílias cujos guerreiros reuniam-se periodicamente para aprovar as decisões de um líder eleito, o que faziam batendo as lanças nos escudos. Pouco a pouco, formaram-se bandos maiores por meio de alianças cimentadas por casamentos, trocas de presentes, ou conveniência. Surgiram chefes e até mesmo reis com séquitos de guerreiros que haviam prestado juramento de lealdade em troca da participação no produto das pilhagens.
Contudo, apesar de todo o entusiasmo, as tribos germânicas não passavam de um bando. Sem armamentos, lançavam-se às batalhas aos gritos e seminus, protegidos apenas por escudos de madeira ou vime. Poucos possuíam espadas, ao menos nos primeiros anos; os outros valiam-se de porretes ou lanças de madeira, com pontas afiadas no fogo.
Quando essas turbas bárbaras se defrontavam com as legiões romanas, altamente disciplinadas e armadas, o resultado era quase sempre uma debandada geral. [...]
E assim, durante a primeira metade do século III, os bárbaros foram mantidos a distância, palmilhando sem cessar as terras do outro lado do Reno e do Danúbio, aumentando em número e disposição hostil e tornando-se um grave problema para o império já à beira do colapso devido às desordens internas.
As desordens não eram poucas. O governo de Roma chegara ao fundo do poço da corrupção. Em 211, no seu leito de morte, o imperador Sétimo Severo deu um conselho sucinto a seus filhos: "Enriqueçam os soldados, desprezem todos os outros!" Severo sabia muito bem do que estava falando: ele próprio conquistara o trono do Império Romano pela força de seus leais soldados, após décadas de caos e sangue que se seguiram ao reinado de Marco Aurélio.
História em Revista 200-600. Impérios sitiados. Abril Livros: São Paulo, 1991. p. 16.
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