Jovem oferecendo uma flor para o policial, 1967
Na segunda metade do século XX, a ação da juventude foi
marcada por uma palavra: protesto. Manifestando-se individualmente ou em grupo,
os jovens contestaram os valores do mundo "adulto", ou seja, as
normas, regras e instituições estabelecidas, bem como concepções e
comportamentos determinados pela tradição cultural. O protesto jovem ocupava
todos os espaços: a casa (família), a escola, as ruas e as praças.
Na década de 1960, o protesto jovem concretizou-se em dois
movimentos que, mesmo articulados, tinham características e propósitos
diferentes: o movimento estudantil e o movimento hippie. Ambos tiveram origem
nos Estados Unidos e estenderam-se a quase todos os países.
A primeira grande manifestação estudantil ocorreu na
Universidade de Berkeley (Califórnia), reivindicando a reforma dos cursos e
estudos universitários. A movimentação logo se expandiu, e os estudantes
passaram a organizar protestos contra a participação norte-americana na guerra
do Vietnã.
Foi, porém, em Paris que o movimento estudantil se
caracterizou como protesto político, contestando não só a universidade, mas a
ordem social geral.
O movimento estudantil de caráter eminentemente político
estruturou-se principalmente nos países que viviam sob regimes ditatoriais. A
contestação transformou-se em movimentos que organizavam a luta armada. Em
todos os lugares a repressão foi arrasadora, e os jovens foram suas principais
vítimas.
O movimento hippie, em contrapartida, pregava paz e amor.
Representou uma espécie de alternativa para a contestação estudantil, trocando
o engajamento político dos estudantes por uma proposta genérica de liberdade.
Os hippies não se propunham a mudar o mundo, mas pretendiam viver como bem
entendessem.
Nesse sentido, o movimento hippie levava à alienação, ao
desligamento das questões sociais que geravam o descontentamento da juventude.
No entanto, em relação a valores, visão de mundo e comportamento, era
profundamente contestador.
Os hippies criaram uma nova cultura, baseada na vida em
comunidades (nas quais a antiga estrutura familiar estava ausente), na produção
artesanal, na prática de uma religiosidade esotérica, no cultivo da música que
se identificou com a juventude (o rock 'n' roll e todas as suas variantes) e na
liberação do sexo, dos sentimentos, das emoções e (o que foi trágico para a
juventude) do uso de drogas.
Depois de ter se imposto como uma nova força no mundo, a
juventude, a partir de meados da década de 1980, parece ter sofrido um recuo
conservador. Líderes estudantis radicais e hippies deram lugar a yuppies,
jovens executivos preocupados apenas com o próprio sucesso.
O "poder jovem" tornou-se um componente da
sociedade, na medida em que a juventude passou a ser idealizada, tornando-se
símbolo e sinônimo de saúde, vitalidade e, principalmente, beleza - um dos
mitos mais importantes do século XX. A juventude ficou na moda e tornou-se, ela
própria, moda.
Os jovens continuaram formando grupos específicos que os
distinguissem da grande massa, mas sem nenhuma proposta de renovação ou
mudança. Mais do que formação de grupos, tornou-se comum o aparecimento de
gangues, como os punks e os skinheads.
NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo
globalizado. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 516-517.
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