A forma como o conhecimento histórico é concebido e elaborado também é alvo do estudo dos historiadores. Mas nada melhor do que conhecer esses estudiosos a partir de suas próprias formulações.
Relevo no Palácio do Louvre, na França, representa o historiador grego Heródoto de Halicarnasso
Heródoto de Halicarnasso foi o primeiro estudioso a produzir uma história, no sentido de investigação seguida de relato. É, por isso, conhecido como o "pai da história".
Ao escrever a sua História, Heródoto de Halicarnasso teve em mira evitar que os vestígios das ações praticadas pelos homens se apagassem com o tempo e que as grandes e maravilhosas explorações dos gregos, assim como a dos bárbaros, permanecessem ignoradas; desejava ainda, sobretudo, expor os motivos que os levaram a fazer guerra uns aos outros. [Heródoto. História. Rio de Janeiro: W.W. Jackson, 1964. p. 5]
Jules Michelet, um dos mais importantes historiadores franceses do século XIX, é autor de História da Revolução Francesa, um clássico da historiografia ocidental. Nessa obra ele explicita suas concepções de história:
Ele [o livro] nasceu no seio dos Arquivos. Escrevi-o por seis anos (1845-1850) nesse depósito central onde eu era chefe da seção histórica. [...]
Aqueles que têm olhos e sabem ver observarão muito bem que esse relato, eventualmente comovido demais, talvez, e tempestuoso, no entanto jamais é turvo, de modo nenhum vago, de modo nenhum indeciso, em vãs generalidades. Minha própria paixão, o ardor que nele punha, não se teriam contentado com isso. Buscavam, queriam o caráter próprio, a pessoa, o indivíduo, a vida muito especial de cada ator. As personagens aqui não são de maneira nenhuma ideias, sistemas, sombras políticas; cada uma delas foi trabalhada, penetrada, até encontrar o homem íntimo. [...] [Jules Michelet. História da Revolução Francesa: da queda da Bastilha à festa da Federação. São Paulo: Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1989. p. 29-31]
Paul Veyne, importante historiador da Nova História, voltou sua atenção para a relação da história com outras ciências sociais, principalmente a sociologia. De seu ponto de vista:
[...] o livro de história terá manchas [...], mas sobretudo faltas: ele pecará menos pelo que afirma do que pelo que não pensou em interrogar-se. Pois a dificuldade da historiografia é menos encontrar respostas do que encontrar questões; o físico é como Édipo: a esfinge interroga, ele deve dar a boa resposta; o historiador é como Perceval: o Graal está lá, diante de si, sob os seus olhos, mas não será seu senão se ele pensar pôr a questão. [Paul Veyne. Como se escreve a história. Lisboa: Edições 70, 1983. p. 268-269]
Eric Hobsbawm [foi] um dos mais destacados historiadores da atualidade. Suas obras representam uma parte expressiva da historiografia inglesa do século XX [...]. De acordo com ele:
Todo ser humano tem consciência do passado (definido como o período imediatamente anterior aos eventos registrados na memória de um individuo) em virtude de viver com pessoas mais velhas [...]. Ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado (ou da comunidade), ainda que apenas para rejeitá-lo [...]. O problema para o historiador é analisar a natureza desse "sentido do passado" na sociedade e localizar suas mudanças e transformações. [Eric Hobsbawm. Sobre história. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 22]
NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 15-16.
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