η Ιλιάδα και η Οδύσσεια
Aquiles cuida de Pátroclo. Detalhe de vaso. C. 500 a.C.
Destruída a civilização egéia,
desaparece também o uso da escrita. Os helenos não sabem escrever e não deixam,
portanto, documentos escritos, contemporâneos, deste primeiro período da sua
história [...]. Mas a lembrança de importantes acontecimentos - do período
creto-micênico - é transmitida, de geração em geração, por tradição oral.
Esta tradição oral, naturalmente, deforma os fatos e dá origem a lendas. Poetas (aedos) dão forma poética a tais lendas; e vão declamando esses poemas [...] de aldeia em aldeia. Mais tarde, os rapsodos, cantores populares, aprendem-nos de cor e continuam a recitá-los perante o público.
Ajax carrega o corpo de Aquiles. Detalhe de vaso.
No século X os fenícios levam seu alfabeto à Grécia asiática. Os helenos aprendem a usar o alfabeto fenício, aperfeiçoam-no (acrescentando-lhe as vogais) e começam a recolher e passar à forma escrita - aqueles poemas épicos. Entre esses cantares de gesta, os mais célebres são a Ilíada e a Odisséia, cuja autoria é atribuída ao aedo Homero (séc. XI?).
Os poemas homéricos são excelente material histórico. Contém, além das lendas fantásticas sobre deuses e heróis gregos:
1) tradições da época minóica, confirmadas, em parte, pela arqueologia;
2) quadros descritivos da primitiva cultura helênica (usos e costumes), contemporâneos de Homero.
Cena do filme Tróia, direção de Wolfgang Petersen (EUA, 2004)
* A Ilíada. A Ilíada conta alguns episódios da guerra de Tróia. "É indiscutivel, ensina Malet, que os reis da Ásia cometeram atos de pirataria, e que os gregos formaram coalizões para tirar vingança. A guerra de Tróia foi, provavelmente, uma expedição desse gênero." A lenda, porém, é outra:
Helena (esposa de Menelau, rei de Esparta) é raptada por Páris (filho de Príamo, rei de Tróia). Os gregos se unem, sob a direção de Agamenon (rei de Micenas e irmão de Menelau), a fim de vingar a afronta. Atacam Tróia (em grego Ílion) e a destroem, após 10 anos de sítio.
Cena do filme Tróia
A Ilíada narra breves episódios do décimo ano de guerra, sobretudo a cólera de Aquiles e o seu combate com Heitor. Aquiles é um herói (semideus), filho de Peleu (rei da Tessália) e da sereia Tétis. Heitor (filho de Príamo) é o mais valente dos chefes troianos. Os episódios principais são: desavença entre Aquiles e Agamenon; cólera e retirada de Aquiles; Pátroclo (amigo dileto de Aquiles) morre às mãos de Heitor; Aquiles retorna à luta e, num terrível combate, mata Heitor.
Cena do filme Tróia
Os sucessos dos anos anteriores, assim como a morte de Aquiles (flechado por Páris, no calcanhar) e o fim da guerra (ardil do cavalo de madeira) - constam em outras crônicas lendárias.
Cena do filme Tróia
* A Odisséia. O grego Ulisses (Odisseus), rei de Ítaca, é um dos heróis da guerra de Tróia, na qual se destaca pela sua prudência e astúcia. A Odisséia narra as aventuras de Ulisses, que - depois da queda de Tróia - fica a vagar durante dez anos até conseguir chegar à sua pátria. É uma série de peripécias, desgraças, dificuldades e triunfos.
Cena do filme Tróia
Enquanto isso, Penélope (a esposa de Ulisses) vive cercada de pretendentes à sua mão. Pensam eles que Ulisses nunca mais voltará. Mas Penélope responde negativamente a todos, durante os vinte anos da ausência de Ulisses. Penélope usa de um estratagema: promete escolher um dos pretendentes, quando ficar pronta a tela que está tecendo (mas desfaz, durante a noite, o que teceu durante o dia).
Cena do filme Tróia
Ulisses regressa, mas aparece disfarçado em mendigo. Penélope propõe a prova do arco e das flechas. Só Ulisses consegue disparar as 12 flechas. Ajudado pelo filho (Telêmaco), degola todos os pretendentes. Penélope acaba reconhecendo, nesse ancião, coberto de farrapos - seu marido. Atenéia, protetora de Ulisses, devolve-lhe o aspecto juvenil de outrora. Após novas lutas (contra os parentes dos mortos) sobrevém o triunfo definitivo de Ulisses.
Cena do filme Tróia
* Paralelo entre a Ilíada e a Odisséia. Ambos os poemas constam de 24 cantos. Possuem rasgos semelhantes, mas diferenças temáticas fundamentais: a Ilíada trata da guerra e de heróis, e descreve um estado mais primitivo da sociedade; a Odisséia pinta a vida pacífica, no mar e nos campos, de época posterior.
BECKER, Idel. Pequena História da Civilização Ocidental. São Paulo: Nacional, 1974. p. 96-98.
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