A casa do Fauno.
Frank Fox
O significado da civilização para a cultura hoje dominante no mundo ocidental resta ambíguo em meio a todas essas mudanças. Os autores da Constituição dos Estados Unidos foram homens do Iluminismo totalmente impregnados da tradição clássica, ao passo que os colonizadores europeus usaram a ideia de "missão civilizatória" para justificar a tomada do continente americano e a destruição de sua população nativa. Contudo, os Estados Unidos da América foram fundados em oposição aos valores europeus estabelecidos, tornando-se, particularmente depois das migrações em massa de fins do século XIX, uma sociedade de tipo distinto. A civilização elitista e nostálgica de que falavam os europeus era, sob vários aspectos, uma afronta aos ideais norte-americanos, de natureza populista e progressista. Além disso, a cultura de massas e as formas de arte popular tão ridicularizadas pelos intelectuais europeus nos séculois XIX e XX foram, afinal de contas, criações fundamentalmente norte-americanas. Foi só depois da Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos assumiram a liderança política do mundo ocidental, que surgiu a possibilidade de resolução dessas contradições. A civilização se tornou um conceito mais democrático e menos elitista (giro reforçado pelo apreço dos líderes nazistas pela "alta cultura"), portador de um significado ao mesmo tempo vago e inclusivo - a sociedade inteira, não mais as formas de arte da elite, era agora a base da civilização ocidental. Essa abrangência um tanto ampla nos traz de volta ao lugar onde começamos. Retoma-se um conceito que, embora pareça ter perdido parte de sua clareza, conserva, nitidamente, uma extraordinária força política emocional. (Continua no próximo post)
OSBORNE, Roger. Civilização: uma nova história da civilização ocidental. Rio de Janeiro: Difel, 2016. p. 18.
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