Povos indígenas do Norte do Novo México, 1861. Artista desconhecido
"Os historiadores da pré-história nos dão notícia de quantos milênios foram necessários para que os homens do paleolítico substituíssem as grosseiras facas ou os rudes machados de dois gumes pelas admiráveis lâminas do solutreano [período cultural da pré-história europeia]. Segundo outro ponto de vista, observa-se que a descoberta da agricultura e a domesticação das plantas são quase contemporâneas na América e no Velho Mundo. E impõe-se constatar que os ameríndios em nada se mostraram inferiores, muito pelo contrário, no que se refere à arte de selecionar e diferenciar múltiplas variedades de plantas." (CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. p. 134.)
[...]
Do Alasca e das regiões árticas, as tribos provenientes da Ásia difundiram-se no Novo Mundo seguindo três rotas principais: a costa setentrional do Alasca e do Canadá, as pradarias situadas a leste das montanhas Rochosas, e a costa do Oceano Pacífico.
A reconstrução mais aproximada que se pode obter da história dessas populações pioneiras depende basicamente dos fósseis e vestígios que deixaram através dos tempos. [...]
Numerosos vestígios foram encontrados na parte sul-ocidental dos Estados Unidos: o clima quente e seco favoreceu sua conservação. Nessa região, desenvolveram-se as mais antigas culturas pré-colombianas, às quais se deu o nome da localidade onde os principais vestígios foram encontrados. Assim, em um período compreendido entre 15 000 e 7 000 a.C., floresceram as culturas de Sandia, de Clóvis e de Folson (todas situadas no Novo México), a cultura de Yuma (Arizona) e a cultura de Cochise (Texas central e Arizona meridional).
Mulher e menina zuni transportando água, 1890. Henry F. Farny
As mais antigas formas culturais da região ártica devem-se às populações esquimós. Elas se desenvolveram no Alasca, Groenlândia, Labrador e Canadá, tendo sido unificadas, por volta de 900 a.C., pela cultura de Thule, uma cultura de navegadores e caçadores de baleias.
Nesse mesmo período. desenvolveu-se na Groenlândia a cultura de Dorset. Ao que parece, esse povo entrou em contato com os Vikings, que desembarcaram na ilha por volta do final do século X, chefiados por Erik, o Vermelho. Nas costas meridionais da Groenlândia, os Vikings fundaram duas colônias que, após uma notável prosperidade, entraram em declínio no século XV devido ao isolamento da terra de origem, e acabaram sendo abandonados.
A partir do início da Era Cristã, desenvolveu-se a cultura dos Basket-Makers ("Cesteiros"), na região sudoeste da América do Norte, que corresponde aos atuais Estados norte-americanos de Utah, Colorado, Arizona e Novo México. Os basket-makers receberam este nome por terem sido hábeis fabricantes de cestos de vime, cujos vestígios podem ser datados do século I ao VIII. Esse povo dedicava-se basicamente à caça e ao cultivo de milho e abóbora e, provavelmente, seus hábitos seminômades dos primeiros tempos evoluíram aos poucos para uma vida sedentária. A partir do século VIII, a cultura dos Cesteiros deu lugar à dos Pueblos.
Mulher zuni transportando água, 1900. Henry F. Farny
A designação pueblo (em espanhol, "povo", e por extensão, "aldeia") exprime a característica mais significativa dessa nova cultura, isto é, sua organização espacial. As aldeias eram formadas por casas altas de dois ou três andares, que se aglomeravam umas ao lado das outras em grupos compactos, situadas no interior de um alto muro de adobe. No centro desses aglomerados, havia uma espécie de praça, dentro da qual era cavada uma grande sala - a kiva - que desempenhava um importante papel na vida social e religiosa, funcionando também como local de reunião e cerimônias. As populações da cultura dos Pueblos dedicavam-se à agricultura, cultivando seus campos por meio de um sistema de irrigação bastante racional. Fabricavam peças de cerâmica decoradas com motivos geométricos e possuíam uma refinada arte têxtil.
Essa cultura entrou em declínio entre o final do século XIII e o início do XIV, devido a uma prolongada seca. Também para isso muito contribuiu a invasão dos navajos e apaches, que obrigou os pueblos a se concentrarem num território bem menos extenso. A partir de 1598, os espanhóis fundaram colônias em suas terras, mas enfrentaram uma tenaz resistência desse povo que, em 1680, expulsou os conquistadores. Finalmente, em 1690, os espanhóis conseguiram submetê-los. Ainda hoje, a cultura dos Pueblos subsiste com seus traços tradicionais, especialmente representada pelos hopi do Arizona e pelos zunñi do Novo México.
Na região da bacia do rio Mississípi, talvez em meados do século IV, floresceu a cultura dos Moundbuilders ("Construtores de Túmulos"). Como no caso da cultura dos Pueblos, esse nome deriva de sua principal característica: numerosos túmulos de terra batida, de várias formas e tamanhos, que provavelmente eram utilizados como infra-estrutura para templos ou moradias dos chefes. Os mais interessantes desses monumentos possuem forma de animais, como tartarugas e serpentes; outros constituem pirâmides truncadas. No interior desses túmulos encontram-se objetos de cobre e cerâmica, estatuetas, máscaras de madeira, ornamentos de osso e mica, fragmentos de couro, conchas decoradas - enfim, um material minuciosamente trabalhado, que revela uma arte muito rica. Diante dessa produção tão variada, supõe-se que as comunidades moundbuilders levavam uma vida relativamente próspera. As populações que desenvolveram esta cultura constituem os longínquos antepassados de conhecidos grupos de "índios" modernos, como os sioux e os iroqueses.
Mulher zuni transportando água, 1877. Artista desconhecido
Na região da bacia do rio Mississípi, talvez em meados do século IV, floresceu a cultura dos Moundbuilders ("Construtores de Túmulos"). Como no caso da cultura dos Pueblos, esse nome deriva de sua principal característica: numerosos túmulos de terra batida, de várias formas e tamanhos, que provavelmente eram utilizados como infra-estrutura para templos ou moradias dos chefes. Os mais interessantes desses monumentos possuem forma de animais, como tartarugas e serpentes; outros constituem pirâmides truncadas. No interior desses túmulos encontram-se objetos de cobre e cerâmica, estatuetas, máscaras de madeira, ornamentos de osso e mica, fragmentos de couro, conchas decoradas - enfim, um material minuciosamente trabalhado, que revela uma arte muito rica. Diante dessa produção tão variada, supõe-se que as comunidades moundbuilders levavam uma vida relativamente próspera. As populações que desenvolveram esta cultura constituem os longínquos antepassados de conhecidos grupos de "índios" modernos, como os sioux e os iroqueses.
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. p. 134.
HISTÓRIA DAS CIVILIZAÇÕES. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 2, 3 e 5. [Volume 3].
HISTÓRIA DAS CIVILIZAÇÕES. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 2, 3 e 5. [Volume 3].
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