"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A cultura Chavín do Peru. Os Olmecas

A partir de meados do II milênio a.C., sociedades avançadas começaram a se desenvolver nas Américas em dois lugares separados - Peru e Mesoamérica. As civilizações mais antigas dessas regiões foram as culturas Chavín e Olmeca, respectivamente. Ambas construíram grandes centros de cerimoniais e cultuaram o jaguar em seus sistemas de crenças religiosas, mas pouco ou nada deixaram em forma de registros escritos, e sua história política é quase impossível de ser reconstituída.

Cabeça. Arte Chavín. Artista desconhecido

* A cultura Chavín do Peru. Por volta de 1250 a.C., já havia aldeias baseadas no cultivo de milho e na produção de cerâmica por toda a costa do peru e nas montanhas. Mas foi somente por volta de 900 a.C. que a primeira cultura identificável se espalhou por quase toda a região. Centrada no grande templo de Chavín de Huantar, na cordilheira dos rios Wacheqsa e Mosna, a cultura Chavín chegou a todas as partes do Peru, exceto o extremo sul. Como não há evidência de fortes, exércitos ou qualquer outra parafernália de império, a difusão da cultura provavelmente não foi feita pelo uso da força.

O sítio de Chavín de Huantar revela a grande experiência do povo Chavín na engenharia e na arquitetura. O Velho Templo foi construído em cerca de 900 a.C. em uma enorme pirâmide encimada por um terraço. Da plataforma central projetava-se uma série de monstros assustadores cheios de dentes, e no centro do templo ficava o Lanzôn, uma enorme estela de granito de 4,5 m de altura que pode ter sido uma imagem de devoção. O sítio também contêm um grande pátio, talvez um local de reuniões para cultos religiosos. Em algum momento após 500 a.C., um Novo Templo, com o dobro do tamanho do anterior, foi construído. Porém, o poder dessa cultura já estava se enfraquecendo, e começou a haver dissidências religiosas. Por volta de 200 a.C., o período da cultura Chavín terminou.



Jovem com bebê jaguar no colo. Arte olmeca. Artista desconhecido

* Os Olmecas. A cultura Olmeca estabeleceu-se nas terras baixas do sul do México pouco depois de 1800 a.C. Por volta de 800 a.C., sua influência já se espalhara por uma extensa área da Mesoamérica, cuja economia agrícola simples se baseava no cultivo do milho.

O primeiro centro olmeca importante foi San Lorenzo, ao sul do México, que chegou ao auge entre 1200 e 900 a.C. A cidade parece ter tido um avançado sistema de drenagem, e seus prédios, construídos sobre elevações de terra ao redor de amplas praças, consistiam de um templo e de casas feitas de troncos e palha. Havia também muitos monumentos, como gigantescas cabeças entalhadas, estruturas semelhantes a altares, enormes esculturas de pessoas sentadas e representações de uma variedade de animais, principalmente o jaguar.


Crianças. Arte Olmeca. Artista desconhecido

Próximo ao sítio de San Lorenzo, em Cascajal, arqueólogos encontraram uma pedra de cerca de 900 a.C. Nela há símbolos que podem ser de escrita olmeca, possivelmente o primeiro sistema de escrita da Mesoamérica.

Há vestígios de destruição generalizada de monumentos por volta de 900 a.C., quando o sítio de San Lorenzo parece ter chegado ao fim. Outro importante centro olmeca foi a cidade de La Venta, perto dos limites entre os Estados de Tabasco e Veracruz, que teve uma população muito maior do que a de San Lorenzo.

Entre 900 e 400 a.C., La Venta passou a ser o principal centro da cultura Olmeca, em substituição a San Lorenzo. Como em San Lorenzo, lá também foram encontradas cabeças colossais em pedra, figuras de jaguar, bem como templos e monumentos para cerimoniais, inclusive uma gigantesca pirâmide. Os principais prédios do sítio eram alinhados com precisão, talvez ligados a alguma orientação astronômica. Por volta de 400 a.C., a cultura Olmeca entrou em declínio, embora sua influência tenha se mantido em culturas regionais, principalmente a dos zapotecas de Monte Albán.

PARKER, Philip. Guia ilustrado Zahar: história mundial. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 106-7.

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