Guerreiro cheyenne com cocar, escudo e lança, ca. 1915-1937. Monroe Tsatoke
O presente, 1922. Ernest L.
Blumenschein
Mestre de cerimônias, 1925. Gerald Cassidy
Alguns medicamentos da medicina ocidental foram feitos a partir de plantas há tempos utilizadas pelos indígenas, como o ipecacuanha (tratamento de infecções gastrintestinais), a capaíba (contra afecções das vias urinárias), a quinina (contra a malária), a coca (como anestésico local), o curare (em cirurgias cardíacas) e o peiote (em tratamentos psiquiátricos) - plantas perigosas que, entre os ameríndios, só eram manipuladas pelos curandeiros ou sacerdotes, pois o erro na dosagem podia matar o doente.
A indústria têxtil usa espécies de algodão há milênios cultivadas pelos indígenas da América e consideradas as melhores do mundo.
[...] astecas e incas, para aproveitar os espaços e ampliar as áreas de cultivo [criaram] as chinampas, os canais de irrigação e o uso de fertilizantes naturais. Muitos pesquisadores já demonstraram que essas técnicas são mais simples, baratas e tão produtivas quanto aquelas que utilizam as modernas e caras máquinas e fertilizantes químicos de hoje.
O cacique do pueblo, 1916. Walter Ufer
Outras culturas nativas americanas também desenvolveram eficientes técnicas agrícolas. Ao contrário do que muitos pensam, os indígenas interferiram na natureza, criando artificialmente terrenos propícios à lavoura. No Brasil, por exemplo, há grupos indígenas que espalham sobre a área de cultivo uma mistura de palha com terra de cupinzeiros e formigueiros esmagados. Colocam cupins e formigas vivas na terra recém-cultivada para que os insetos lutem entre si e não ataquem os brotos. Transplantam espécies vegetais para locais onde elas não são comuns.
Na Amazônia, onde o solo se esgota rapidamente e a camada de húmus é muito fina, os indígenas desenvolveram a agricultura itinerante. Uma família derruba apenas a área correspondente à sua capacidade de trabalho (em geral um hectare). A mata derrubada é deixada para secar por dois ou três meses. Procede-se, então, à primeira queima, que é, depois, seguida de nova queimada com os galhos e folhagens que restaram.
Nas Colinas de Pé, 1896. John Hauser
Os indígenas que utilizam a técnica da coivara sabem quando é chegada a hora da queima. Observam a direção do vento e se orientam por alguns sinais da natureza. Os kuikuro, por exemplo, que vivem no Alto Xingu, só procedem à queimada quando a constelação do Pato aparece do lado leste do céu, antes do raiar do sol, e quando as tracajás desovam nas praias do rio Culuene. Não se sabe qual é a relação entre esses fenômenos e o sucesso da queima, mas sabe-se que os kuikuro nunca provocaram um incêndio na floresta.
A cinza obtida fertiliza imediatamente o solo e o carvão é enterrado para servir de adubo extra que a planta absorverá durante seu crescimento. Inicia-se, então, o cultivo de diversas espécies com alturas diferentes - o que reduz o impacto dos ventos e das fortes chuvas e evita a propagação de pragas. Pela mesma razão, o mato que cresce entre as plantas cultivadas não é arrancado. depois que a terra se esgota, ela descansa por dois ou três anos. Ali crescerão brotos e folhagens que alimentarão pacas, queixadas e caititus, transformando-se em uma área de caça para a tribo.
Dança do búfalo, 1860. Karl Ferdinand Wimar
As técnicas agrícolas indígenas, do tipo extensivo e policultor, têm a vantagem de manter a fertilidade do solo e permitir a rápida recuperação da floresta. Já as fazendas de gado da Amazônia mostram um resultado inverso. Uma única fazenda desmata cerca de 10 mil hectares num ano para formação de pastagens. O desmatamento é total, e a superfície do solo fica exposta ao calor do sol e às pancadas de chuva, provocando sérias alterações no meio ambiente. Além disso, cada hectare produz somente 30 kg de carne bovina ao ano. Isso significa que um boi come o equivalente ao que alimenta uma família indígena no mesmo período, com a agravante de destruir o solo.
RODRIGUE, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto. São Paulo: FTD, 2002. p. 128-130.
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