Rei Candaules, Jean-Léon Gérôme
Creso recebendo tributo de um camponês lídio. Claude Vignon
Quando caiu o império hitita, no
século VIII antes da nossa era, seu sucessor nas principais áreas de domínio
foi o reino da Lídia. Os lídios estabeleceram o seu poder sobre o que é hoje
território da República Turca, na Anatólia. Não tardaram a obter o controle das
cidades gregas da costa da Ásia Menor e de todo o planalto ao poente do rio Hális.
Mas esse poder foi de curta duração. Em 550 a .C., Creso, o fabuloso rei dos lídios,
julgou ver uma boa oportunidade de acrescentar aos seus domínios o território dos
medos, a leste daquele rio. O rei medo acabava de ser deposto por Ciro, o chefe
dos persas. Antecipando um fácil triunfo para os seus exércitos, Creso
lançou-se à conquista das terras de além-Hális. Após uma batalha indecisa com
Ciro, tornou à sua capital (Sárdis), em busca de reforços. Ali, Ciro apanhou-o
desprevenido num ataque de surpresa, capturou e incendiou a cidade. Os lídios
nunca se refizeram do golpe e em pouco tempo todo o seu território, inclusive
as cidades gregas da costa, passaram para o domínio de Ciro o Grande.
Candaules, rei da Lídia, mostra sua mulher que esconde Giges na cama, um de seus ministros. William Etty
Creso mostra seu tesouro para Sólon. Gaspar van den Hoecke
Falavam os lídios uma língua
indo-europeia e eram provavelmente uma mistura de povos nativos da Ásia Menor e
elementos étnicos procedentes da Europa Oriental. Aproveitando as vantagens de
uma posição favorável e da abundância de recursos naturais, desfrutavam um dos
mais altos padrões de vida da antiguidade. Eram famosos pelo esplendor dos seus
carros brindados e pela profusão de ouro e objetos de luxo que os cidadãos
possuíam. A riqueza dos seus reis era lendária, como o atesta a frase feita
rico como Creso”. As principais fontes dessa prosperidade eram o ouro extraído
das torrentes, a lã dos milhares de ovelhas que pastavam nas colinas e os
lucros auferidos do extenso tráfico entre o vale do Tigre-Eufrates e o Mar
Egeu. Mas, com toda a sua opulência e oportunidades de lazer, a civilização não
deve aos lídios mais que uma única contribuição original. Referimo-nos à
cunhagem de moeda com eletro ou “ouro branco”, uma liga natural de ouro e
prata, encontrada nas areias de um dos seus rios. Até então, todos os sistemas
monetários tinham consistido em argolas ou barras de metal, de peso
determinado. As novas moedas, de vários tamanhos, traziam gravado o valor que
lhes era conferido, de maneira mais ou menos arbitrária, pelo soberano que as
emitia.
BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental: do homem
das cavernas até a bomba atômica. Porto Alegre: Globo, 1964. V. 1, p. 142-143.
NOTA: O texto "Os lídios" não representa, necessariamente, o
pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a
construção do conhecimento histórico.
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