Em 1682, Lord Baltimore obteve da Coroa inglesa a concessão de um território na América do Norte, situado ao sul das possessões holandesas e ao norte da Virgínia, ao qual deu o nome de Maryland. Tendo recebido amplos poderes para governar e legislar, Baltimore instaurou nessa colônia - a única católica - um regime de liberdade religiosa, expressa no Ato de Tolerância de 1649. Essa medida levou muitos puritanos que não haviam se adaptado à rigidez das leis em outras colônias a se transferirem para Maryland. A economia da colônia baseava-se no cultivo do tabaco, e os agricultores locais - a exemplo do que ocorrera na Virgína - logo recorreram ao trabalho escravo. Para isso muito contribuiu o sistema de distribuição da terra que, ao contrário do que ocorria nas colônias do norte, se caracterizava pelo predomínio da grande propriedade.
Nessa mesma região, surgiu por volta de 1680 a primeira comunidade de colonos quakers, fundada por William Penn (1644-1718), que deu origem à colônia da Pensilvânia. Ao seu principal núcleo povoador foi dado o nome de Filadélfia, cujo significado - amizade e fraternidade - constituía dois pontos básicos do pensamento religioso dos quakers. Membros de uma antiga seita protestante, a chamada "Sociedade dos Amigos", eles não possuíam dogmas, nem uma estrutura eclesiástica, acreditando na livre interpretação da Bíblia e em um relacionamento direto entre Deus e o homem. Sua doutrina religiosa baseava-se na total recusa à violência e à submissão às leis da Igreja e do Estado. Assim, os fiéis orientavam-se nas questões religiosas de acordo com sua consciência e, no plano civil, recusavam-se a pagar impostos.
William Penn negocia um tratado de paz com os índios, Benjamin West
Como consideravam o território americano uma espécie de Terra Prometida, os quakers nele fundaram comunidades abertas a todos os que sofriam perseguições por motivos religiosos, criando uma sociedade relativamente democrática e estabelecendo relações amistosas com os indígenas. Com a chegada de outros grupos de colonos, porém, começaram a ocorrer conflitos que abalaram a primitiva organização social e política dos quakers. Mesmo assim a experiência realizada por esse grupo deixou marcas profundas no processo de colonização da América do Norte, pois suas características essenciais foram herdadas por minorias inspiradas nos mesmos ideais religiosos.
História das Civilizações. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 72 e 74. Volume 4.
NOTA: O texto "Os quakers e os católicos nas colônias inglesas da América do Norte" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.
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