"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 2 de março de 2014

A exploração da Oceania

Os navios Resolution e Adventure, ancorados diante da ilha de Taiti, em 1773. William Hodges

Povo aborígene pescando e acampando em Merri Creek. Charles Troedel

Os primeiros navegadores europeus que se empenharam na exploração do oceano Pacífico estavam, em sua maioria, a serviço da Companhia Holandesa das Índias Orientais. Nessas viagens, chegaram às costas australianas, à Nova Guiné, à Nova Zelândia e a vários arquipélagos, como os das ilhas Salomão, Tonga e Fidji. Entre os grandes exploradores desse período inicial destacou-se o holandês Abel Tasman (1603-1659), que descobriu a ilha batizada por ele de Tasmânia e explorou a costa meridional da Austrália, dela fazendo os primeiros mapas. Até a metade do século XVIII, porém, não houve maior interesse pela exploração do continente australiano, já que nele não se encontravam especiarias e jazidas de metais preciosos.


Uma oferenda antes do Capitão Cook nas ilhas Sandwich, John Webber

Timmy, um aborígene da Tasmânia, atirando uma lança. Benjamin Duterrau

Em 1768, uma expedição inglesa comandada pelo capitão James Cook (1728-1779), seguiu para os chamados “mares do Sul” a fim de explora-los. Cook fez um detalhado relatório dessa viagem, de grande importância para o conhecimento geográfico da época. Depois de atingir as ilhas do Taiti e da Nova Zelândia, o navegador inglês chegou à costa meridional da Austrália, que chamou de Nova Gales do Sul e da qual tomou posse em nome da Grã-Bretanha.


Representação de um sacrifício humano no Taiti, John Webber

Canoas aborígenes comunicando-se com o monarca e Tom Tough, 28 de agosto de 1855. John Thomas Baines

Em 1786, a Nova Gales do Sul tornou-se uma possessão da Coroa britânica, que ali instalou uma colônia penal. O primeiro grupo de deportados (cerca de setecentos) foi levado para a colônia pelo capitão Arthur Phillip, que se estabeleceu na região onde atualmente se encontra a cidade de Sidney. Nos primeiros anos, a vida da colônia foi marcada por uma série de dificuldades e incidentes, tendo o governador entrado em choque com alguns oficiais que haviam recebido concessões de terras e pretendiam explora-las utilizando a força de trabalho dos deportados. A situação agravou-se ainda mais com a nomeação de William Bligh (1754-1817) para governador da Nova Gales do Sul. Devido à sua extrema severidade, Bligh já havia provocado, em 1789, o motim da tripulação de um navio por ele comandado, o Bounty. A crise chegou a tal ponto que, em 1808, os colonos se rebelaram e aprisionaram o governador, o que levou o governo britânico a retirar suas tropas da região. Apesar de todos esses problemas, a Austrália logo passou a desempenhar um papel muito importante na economia colonial inglesa, principalmente depois que nela foi introduzido a criação de bovinos e ovinos.


Tambores do Taiti. Ídolos das iIlhas Sandwich. Pás. Altar. John Webber

Corrobore, sul da Austrália. WR Thomas

O primitivo estágio de desenvolvimento cultural em que se encontravam os aborígines australianos despertou grande interesse nos exploradores e estudiosos europeus. James Cook e Louis Antoine Bougainville (1729-1811), por exemplo, fizeram análises bastante minuciosas do modo de vida e dos costumes desses povos. Tendo participado da terceira expedição de James Cook ao Pacífico (1776-1779), os naturalistas George Louis Leclerc Buffon (1707-1788), Johann Reinhold Forster (1729-1798) e Johann Georg Adam Forster (1729-1794) realizaram profundos estudos etnológicos sobre os nativos da Austrália e das ilhas do Pacífico, que se estendiam desde o sudeste asiático até o oeste das Américas. Como essas populações ainda se achavam culturalmente na Idade da Pedra, esses cientistas europeus chegaram a acreditar, em um primeiro momento, que haviam desvendado o mistério da origem do homem.

HISTÓRIA DAS CIVILIZAÇÕES. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 110 e 112. Volume IV.

NOTA: O texto "A exploração da Oceania" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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