"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 3 de março de 2014

Nem só de açúcar e ouro vivia o Brasil Colônia

Embora com uma produção determinada  pelo interesse externo, a colônia não se limitou aos "ciclos" do pau-brasil, do açúcar e do ouro. Em diferentes regiões e épocas outros gêneros foram produzidos.

O algodão teve o Maranhão e o Grão-Pará como área de cultivo mais antiga. Com ele eram feitos tecidos, apesar da proibição metropolitana, e em alguns casos os seus novelos serviam como moedas. Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Vicente e Goiás foram outras áreas onde seu plantio ocorreu. A partir da segunda metade do século XVIII houve uma grande expansão da produção algodoeira, especialmente maranhense. Grande compradora de algodão - matéria-prima importante da Revolução Industrial, a Inglaterra deixou, a partir da Guerra de Independência dos Estados Unidos, de se abastecer com produto das fazendas do Sul daquele país, passando a comprar o gênero brasileiro para alimentar suas fábricas têxteis.

O fumo, desenvolvido paralelamente à lavoura canavieira, servia como valor de troca na África e era também exportado para a Europa. Seu principal centro produtor foi a capitania da Bahia.

O cacau, de início coletado como droga do sertão, passou a ser produzido na época de Pombal. Licores, chocolates e manteiga eram resultantes do seu aproveitamento. Os primeiros cacauais localizaram-se na Bahia.

Ligado à pecuária e extraído nas margens do rio São Francisco e no litoral, do Maranhão ao Rio de Janeiro, o sal começou a sofrer restrições na sua produção a partir de 1665. Ele fazia concorrência com a produção de Setúbal, Figueira e Alverca, regiões salineiras portuguesas. A Coroa chega ao monopólio real sobre o extrativismo, provocando reações dos colonos - como o Motim do Maneta, na Bahia, no início do século XVIII.


Pesca da baleia na Baía de Guanabara, fim do século XVIII. Leandro Joaquim

A pesca da baleia desenvolveu-se nos séculos XVII e XVIII. Do cetáceo se extraía o óleo para iluminação, o alimento, a massa para construções (misturada com a cal) e objetos de preparo artesanal. De início a atividade era de estanco, mas a diminuição dos animais em mares brasileiros - determinada pela ação de baleeiros ingleses e norte-americanos nas ilhas Malvinas - leva à abolição do monopólio real, em 1801.

ALENCAR, Francisco [et alli]. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1996. p. 78-9.

NOTA: O texto "Nem só de açúcar e ouro vivia o Brasil Colônia" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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