Para os judeus, o monoteísmo iniciara um processo de autodescoberta e auto-realização sem precedentes entre os outros povos do Oriente Próximo. O grande valor que os ocidentais atribuem ao indivíduo provém, em parte, dos antigos hebreus, para os quais os seres humanos, criados à imagem de Deus, eram dotados de livre arbítrio e de uma consciência responsável perante Deus.
O cristianismo, a religião essencial da civilização ocidental, surgiu do antigo judaísmo, com o qual apresenta inúmeros e fortes pontos de ligação - entre eles o monoteísmo, a autonomia moral, os valores proféticos e a valorização das escrituras hebraicas como sendo a Palavra de Deus. O Jesus histórico não pode ser compreendido sem um exame de seus antecedentes judaicos, e foi às escrituras hebraicas que seus seguidores recorreram a fim de demonstrar a validade de seus ensinamentos. É por essas razões que nos referimos a uma tradição judaico-cristã como componente fundamental da civilização ocidental.
A visão hebraica de uma futura era messiânica, uma idade de ouro de paz e justiça social, constitui a base da ideia do progresso do Ocidente - de que as pessoas podem construir uma sociedade mais justa, que existe uma razão para se ter esperança no futuro. Esse modo de perceber o mundo teve grande influência sobre os movimentos de reforma da Idade Moderna.
Afresco egípcio que representa uma tribo semita.
Finalmente, as escrituras hebraicas foram e ainda são uma das fontes de inspiração dos pensadores religiosos, romancistas, poetas e artistas ocidentais. Para os historiadores e arqueólogos, elas constituem um recurso valioso em seus esforços de reconstituir a história do Oriente Próximo.
PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 39-40.
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