O fenômeno da globalização tem aproximado povos das mais diferentes culturas, numa sociedade internacionalizada por uma sofisticada rede de comunicações. Não é só a economia que caminha para uma integração cada vez maior do mercado: também no campo da cultura essa integração tem acontecido. No entanto, entramos nesse processo como um país dependente, cujo poder de decisão está subordinado à vontade dos grandes organismos internacionais. Nossa dívida externa e nossa dependência de capitais externos são fortes indicadores das dificuldades de nos libertarmos dessa sujeição. Se os sinais de que o Brasil está integrado ao sistema internacional são evidentes, são também muito claros os percalços e dificuldades que isso acarreta.
O crescimento do setor de serviços, responsável por mais da metade da riqueza gerada no país, revela que o capitalismo brasileiro passa por importantes transformações. A cultura se transformou definitivamente em uma mercadoria: a famosa indústria do lazer prospera, o turismo aparece como uma das alternativas para promover o desenvolvimento do país. Embora o crescimento industrial continue sendo muito importante, a economia tornou-se um complexo campo de atividades no qual o setor financeiro desempenha papel central.
Além do mais, multiplicaram-se os shoppings centers, verdadeiras ilhas de prosperidade. São o templo da convivência social - substituindo as praças -, lugar privilegiado do consumo de mercadorias. Lá se encontram as tradicionais casas de comércio, os cinemas, as praças de alimentação. Seu sucesso entre as elites econômicas acabou estimulando investimentos em centros destinados a outros grupos sociais com menor poder aquisitivo, mas servidos por um sistema de crédito pessoal atraente.
Shopping center em Curitiba.
As grandes redes de televisão tornaram-se as principais incentivadoras da sociedade de consumo: criam novos hábitos de consumo, lançam modas fugazes, divulgam novidades estrangeiras. Suas imagens sedutoras informam sobre um mundo que não cessa de inovar. A TV Globo consolidou sua condição de líder de audiência: suas novelas e noticiários são responsáveis diretos pela formação da opinião pública. O gosto musical sobre a interferência da mídia, que divulga à exaustão as trilhas sonoras das novelas, as duplas sertanejas de plantão, os conjuntos de música baiana ou outro ritmo qualquer, supostamente representativo da preferência popular.
O aprimoramento do sistema de comunicações facilita o processo de globalização, ao mesmo tempo que este estimula novos avanços tecnológicos naquele sistema. Os telefones celulares, cuja posse era, no início, sinal de status social, popularizaram-se rapidamente, tornando-se instrumentos de uso cotidiano. Instalaram-se as redes de televisão por assinatura, que atendem aos mais diversos gostos: filmes dos mais variados gêneros, shows, documentários, noticiários. Consumir cultura é uma regra básica dos tempos atuais, e dominar uma língua estrangeira é uma necessidade para profissionais de todos os setores.
REZENDE, Antonio Paulo; DIDIER, Maria Thereza. Rumos da história: história geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 2005. p. 636-637.
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