Destruição em Granollers após a incursão
alemã em 31 de maio de 1938.
Foto de Winifred Bates
Melilla, verão de 1936: desata-se
o golpe de estado contra a república espanhola.
O pano de fundo ideológico será
explicado, depois, pelo ministro de Informação, Gabriel Arias Salgado:
- O Diabo mora num poço de
petróleo, em Baku, e de lá manda instruções aos comunistas.
O incenso contra o enxofre, o Bem
contra o Mal, os cruzados da Cristandade contra os netos de Caim. É preciso
acabar com os comunistas, antes que os comunistas acabem com a Espanha: os
presos têm um vidão, os professores expulsam os padres das escolas, as mulheres
votam como se fossem varões, o divórcio profana o matrimônio sagrado, a reforma
agrária ameaça o poder da Igreja sobre as terras...
O golpe nasce matando, e desde o
começo é muito expressivo,
Generalíssimo Francisco Franco:
- Salvarei a Espanha do marxismo
ao preço que for.
- E se isso significa fuzilar
meia Espanha?
- Custe o que custar.
General José Millán-Astray:
- Viva a morte!
General Emilio Mola:
- Qualquer um que seja, aberta ou
secretamente, defensor da Frente Popular, deve ser fuzilado.
General Gonzaço Queipo de Llano:
- Preparai as sepulturas!
Guerra Civil é o nome do banho de
sangue que o golpe de Estado desata. A linguagem põe, assim, o signo da
igualdade entre a democracia que se defende e o golpe militar que a ataca,
entre os milicianos e os militares, entre o governo eleito pelo voto popular e
o caudilho eleito pela mercê de Deus.
GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma
história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 270-1.
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