O mundo antigo oriental foi habitado por uma diversidade muito grande de povos. Para a Ásia Ocidental e orla mediterrânica, a tradição bíblica identifica três grandes grupos populacionais: os semitas, brancos com cabelos escuros, provenientes provavelmente da península Arábica, que se distribuíram por toda a Ásia Ocidental; os camitas, povos mestiços que habitaram originalmente o Egito; e os jaféticos, negros, habitantes da Núbia, uma região da África conhecida atualmente como Etiópia. A esses grupos originais juntaram-se os arianos, povos muito brancos e de cabelos claros, provenientes do interior da Europa (Europa Central, Escandinávia e mundo germânico).
Uma compilação de vidro e faiança retratando os inimigos
tradicionais do Egito antigo. Palácio real adjacente ao templo de Medinet Habu. Representações (em ordem): um par de núbios,
um filisteu, um amorrita, um sírio e um hitita.
Foto: Captmondo
Esse conjunto diversificou-se extremamente, e diferentes designações étnicas vêm sendo utilizadas para distinguir os grupos específicos.
Os atuais países do Extremo Oriente, excluindo-se a Índia, foram, desde os tempos mais remotos e durante toda a Antiguidade, habitados pelos mesmos tipos humanos, que os europeus designaram genericamente de amarelos. Dentre eles se destaca o tipo chamado "mongol": olhos amendoados (puxados), cabelos pretos e lisos. Esse tipo, que, aliás, se supõe ter dado origem aos habitantes do continente americano, difundiu-se por toda a Ásia Oriental e formou o contingente populacional das antigas civilizações da China, do Japão, da Coréia e da Indochina. Eram desse tipo, também, os diferentes grupos que, provenientes do interior da Mongólia e da Manchúria, invadiram, frequentemente, a partir do fim da Antiguidade, os reinos e impérios ditos "civilizados", tanto a oriente como a ocidente.
Do ponto de vista da constituição demográfica do mundo antigo, algumas questões polêmicas permanecem não resolvidas, como a origem dos sumérios.
Outro caso interessante é o da população egípcia. Segundo as correntes historiográficas mais consolidadas (europeias), tratava-se de um povo mestiço, predominantemente branco, de pele morena e cabelos escuros. Contudo, em 1980, um grupo de historiadores africanos apresentou argumentos e dados tentando demonstrar o predomínio do contingente negro na população egípcia antiga. Essa posição decorre de um esforço político-cultural, válido e necessário, de valorização do papel da África na história mundial. Mas ainda carece de comprovações mais rigorosas e fundamentadas.
Representação de tipos humanos no Antigo Egito: a partir da esquerda, um líbio, um núbio, um asiático e um egípcio. Desenho a partir de um relevo do túmulo de Seti I. Note-se que os tons de pele são devido ao
ilustrador do século XIX, não é o original do Antigo Egito.
A Índia antiga apresenta-se como um caso particular no tocante à questão demográfica. Seu território, originalmente ocupado por uma população de pele escura, foi, a partir do início do II milênio a.C., invadido por arianos, de pele clara. Aí, ao contrário de um processo de miscigenação, o choque entre dois grupos acabou originando um dos primeiros sistemas de segregação racial, baseado na cor da pele.
NEVES, Joana. História geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 45-46.
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