Seção do Livro dos mortos do escriba Nebqed, cerca de 1300 a.C.
Denominada dessa forma pelos egiptólogos do século XIX, essa obra é um conglomerado de fórmulas mais ou menos longas, enriquecidas de ilustrações (chamadas "vinhetas"), necessárias para o acompanhamento do defunto no túmulo e no além. Atestado desde o Novo Império (1580-1085 a.C.), refere-se a todos os indivíduos, excluído o faraó, cuja sobrevida requer rituais específicos.
Um grupo de carpideiras. Túmulo de Ramosé, XVIII dinastia. Levando a mão sobre sua cabeleira, as carpideiras esboçam um gesto de luto quando o cortejo fúnebre acompanha o defunto e sua família para o túmulo.
Sem dúvida composto na região de Tebas, o Livro dos mortos é designado pelos escribas com o nome de Rolo de saída ao dia, contém, com efeito, conselhos dados ao defunto para sair de seu túmulo durante o dia e seguir o curso do Sol. Com suas variantes, se compõe de quatro partes (divididas em capítulos): Sair e caminhar para a necrópole, dirigir as orações a Rá e a Osíris; Sair e regenerar-se, lutar contra todos os inimigos, procurar a presença mágica; transfiguração do defunto, utilização do barco divino, julgamento perante o tribunal divino; As glorificações do defunto, entre as quais alguns rituais para festas fúnebres.
Barco funerário. Tumba de Haremhab.
Remonta a fontes muito antigas, como os textos dos sarcófagos (Médio Império). A redação desses textos mescla fórmulas religiosas com fórmulas mágicas, algumas das quais remontam aos textos das pirâmides (que apareceram no reinado do rei Unas, Antigo Império, 5ª dinastia), em princípio destinados unicamente aos faraós. Um contexto de enfraquecimento do poder central explica talvez a usurpação, por altos funcionários das províncias, de alguns privilégios faraônicos.
SALLES, Catherine. (dir.). Larousse das Civilizações Antigas. São Paulo: Larousse, 2008. p. 54.
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