Ao redor do mundo, à medida que as pessoas buscavam se localizar no tempo e no espaço, elas desenvolveram explicações de como o mundo começou - mitos criacionistas - e histórias sobre como os seres humanos se tornaram parte do mundo - mitos de origem. O relato bíblico do judaísmo e do cristianismo sobre a criação está no Livro do Gênesis: "e Deus criou os céus e a terra". A Popol Vuh maia, oralmente transmitida até o século XVI, descreve a origem do povo Quiché maia inserido em uma história da criação:
Dobrada quatro vezes, curvada quatro vezes, medida, quatro vezes fortificada, dividindo em dois pela linha, esticando a linha no céu, na terra, os quatro lados, os quatro cantos... pelo Criador. Modelador, pai-mãe da vida, da humanidade, doador do sopro, doador do coração, provedor, portador da luz que permanece daqueles que nasceram na luz, foram gerados na luz; preocupado, conhecedor de tudo, tudo que há céu-mar, lago-mar.
Criação Popol Vuh, Diego Rivera
Versões de suas origens, únicas para aborígenes australianos, refletem migrações arqueologicamente comprovadas que ocorreram talvez há 50 mil anos. As lendas referem-se à era da criação como "Era dos Sonhos", e elas explicam a migração de seus ancestrais para a Austrália em termos de crenças em espíritos ancestrais sobre-humanos que viveram durante a "Era dos Sonhos". O povo kakadu, da Austrália, acredita que a chegada de Imberombera, a Grande Ancestral Mãe Terra, foi por canoa, uma versão mítica de um evento que os arqueólogos e pré-historiadores aceitam, mesmo que canoa alguma - sendo elas artefatos perecíveis - tenha sobrevivido. A lenda kakadu explica um pouco mais o povoamento da Austrália com o fato de que quando Imberombera veio para a Austrália ela estava grávida, com seu útero cheio de crianças. Uma vez no continente, ela criou a paisagem natural - colinas, riachos, plantas e animais - e a povoou com suas crianças.
Assim como Imberombera, os atores nos dramas da criação são frequentemente divindades antropomórficas - deuses e deusas - que criaram a terra, geraram o universo e até mesmo deram à luz governantes humanos. De acordo com a mitologia japonesa, um casal de deuses, Izanami e Izanagi, deram à luz as ilhas japonesas e ao grande número de divindades:
Quando a matéria primordial cristalizou-se, mas ainda não haviam surgido o sopro da vida e as formas, não havia nomes nem ação. Quem pode saber sua forma? Contudo, quando o céu e a terra foram primeiramente divididos, as três divindades tornaram-se as primeiras de toda a criação. O Masculino e o Feminino aqui começam, e os dois espíritos (Izanagi e Izanami) eram os ancestrais de toda a criação.
A prole desses dois deuses inclui Amaterasu, a Deusa do Sol, que se tornou a divindade central do xintoísmo, ancestral da família imperial, e uma das muitas divindades solares, masculinas ou femininas, encontradas ao redor do planeta. Quando o irmão da Deusa do Sol a incomodou, ela se retirou para uma caverna e colocou uma pedra na entrada, trazendo escuridão ao mundo até que ela foi atraída para fora pelas danças e risadas de outras divindades. Essa era uma explicação japonesa antiga para o eclipse solar, e retrata o papel da performance de rituais e danças xintoístas para agradar a Deusa do Sol, garantindo a luz e o calor solar necessário para colheitas abundantes.
GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 101-102.
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