Músicos hititas
* O império hitita. Passagem natural entre a Ásia e a Europa foi uma região ao sul do Mar Negro, na atual Turquia asiática, conhecida como Anatólia. Era um vasto, árido planalto, cercado e protegido por cadeias de montanhas que não impediram, entretanto, uma ininterrupta corrente migratória de povos vindos, por terra, do centro da Ásia ou, por mar, da Europa oriental: os indo-europeus.
Originários das extensas planícies do sul da Rússia e das proximidades do Lago de Aral, os povos indo-europeus pressionados por outros povos, migraram em três direções: o vale do Indo, os planaltos da Anatólia e do Irã atual, e regiões da Europa em grande parte quase desabitadas.
No início do II milênio a.C., a Anatólia achava-se dividida em numerosas comunidades independentes, formadas - segundo testemunho de documentos descobertos em escavações - por povos indo-europeus, que já desenvolviam trocas comerciais intensas com a Mesopotâmia, trabalhando em larga escala o ferro e outros metais, fornecidos pelas ricas jazidas de cobre, de prata e por algumas minas de ouro, encontradas em seu território.
Por volta do século XVI a.C. uma tribo indo-europeia conseguiu impor-se às demais, dando origem à formação do reino dos hititas, cujo fundador foi Labarna e cuja capital, forte centro de comércio com a Mesopotâmia, foi Hatusas. O reino hitita, expandindo-se rapidamente, conseguiu dominar (primeira metade do séc. XIV a.C.) importantes regiões do Oriente Próximo.
O grande poderio e a projeção do império hitita fundamentou-se em uma eficiente organização militar. Característica essencial dessa organização, que revolucionou a arte de combater, foi o emprego do carro de guerra puxado a cavalo, permitindo que parte dos exércitos se deslocasse para o ataque com grande rapidez. Introduzido pelos hititas, o uso do carro de guerra e do ferro generalizou-se entre outros povos da Antiguidade.
Yazilikaia, santuário hitita em Hattusa: procissão dos 12 deuses do submundo.
A expansão dos hititas foi sustado pelos egípcios, sob o comando do faraó Ramsés II, na batalha de Kadesh (1296 a.C.), data que marcou o lento declínio do império hitita, o qual, no século VIII a.C., foi conquistado pelos assírios. HOLLANDA, Sérgio Buarque de (org.). História da Civilização. São Paulo: Nacional, 1974. p. 28-29.
* Correntes religiosas, intelectuais e artísticas. O panteão hitita representa um conjunto complexo, no qual cada um dos componentes étnicos e culturais do império deixou sua marca distintiva. Os deuses mais antigos, os do grupo hatti, representados na parte norte do reino, eram os grandes deuses do Estado: Wurusemu, deusa solar de Arinna; seu esposo, o deus da tempestade, cujos principais santuários estavam em Nerik e Zappalanda; seus filhos Telebinu e Mezulla, e sua neta Zintubi. Na Capadócia, encontramos as divindades canísias, especialmente Pirwa, associado ao cavalo; Halki, o grão; e Ispanza, a noite. No território de Arzawa, honravam-se deuses luvitas, como Arma, a Lua, ou Tarhunda, um deus da tempestade [...]. Finalmente, a leste da linha que vai de Seyhan à região de Malarya, predominavam os deuses hurritas Teshub, Hebat [...] e Sharruma; [...] e numerosas divindades mesopotâmicas, como Ishtar de Nínive. [...]
A produção escrita de teor religioso compreende uma massa ritual importante, que descreve o cerimonial das festas, celebradas amiúde durante vários dias, e que incluíam a visita a numerosos santuários. [...] A literatura mágica, largamente representada, não se distingue fundamentalmente da produção similar na Mesopotâmia: os mesmos procedimentos mecânicos de luta contra as investidas do mal encontram-se por toda parte. Quanto à adivinhação, os hurritas recorreram ao augúrio, ao sorteio e à aruspicação. Esta última é de nítida inspiração babilônica. Através das preces, manifesta-se um sentimento muito vivo da responsabilidade pessoal, o cuidado de estabelecer seus limites. Trata-se de um traço original do espírito hitita, que transparece ainda com maior nitidez nas demais obras literárias.
Os hititas possuíam o sentido da História. Dispunham de arquivos bem organizados, a partir dos quais construíram seus relatos, procurando entender as causas e o encadeamento dos fatos, bem como a psicologia dos personagens. O estilo é frequentemente vivo. Desse ponto de vista, seus anais, biografias e preâmbulos de tratados sobressaem de modo surpreendente [...]. Os hititas nos parecem mais humanos. [...]
[...] Embora seja grande o sítio de Hattusa, o efeito provém sobretudo da hábil utilização do lugar. Templos e palácios são formados de enormes blocos de pedra, em que largas janelas se abrem para o exterior, e não para o pátio interno, como na Mesopotâmia. Este é um traço especificamente hitita, bem como a voga do vestíbulo de colunas. [...] Na escultura, os hititas buscaram sobretudo os efeitos de volume [...]. A cerâmica, quase sempre monocroma, por vezes decorada com motivos geométricos, é bastante elegante [...]. Em conjunto, essa civilização parecia mais dotada de vigor que de graça. Representou, todavia, uma força de atração suficiente para seduzir a aristocracia dos povos mediterrâneos, que, não obstante, conheciam as realizações minoicas e micênicas. GARELLI, Paul. O Oriente Próximo asiático: das origens às invasões dos povos do mar. São Paulo: Pioneira, 1982. p. 192-193. (Coleção Nova Clio)
* Correntes religiosas, intelectuais e artísticas. O panteão hitita representa um conjunto complexo, no qual cada um dos componentes étnicos e culturais do império deixou sua marca distintiva. Os deuses mais antigos, os do grupo hatti, representados na parte norte do reino, eram os grandes deuses do Estado: Wurusemu, deusa solar de Arinna; seu esposo, o deus da tempestade, cujos principais santuários estavam em Nerik e Zappalanda; seus filhos Telebinu e Mezulla, e sua neta Zintubi. Na Capadócia, encontramos as divindades canísias, especialmente Pirwa, associado ao cavalo; Halki, o grão; e Ispanza, a noite. No território de Arzawa, honravam-se deuses luvitas, como Arma, a Lua, ou Tarhunda, um deus da tempestade [...]. Finalmente, a leste da linha que vai de Seyhan à região de Malarya, predominavam os deuses hurritas Teshub, Hebat [...] e Sharruma; [...] e numerosas divindades mesopotâmicas, como Ishtar de Nínive. [...]
Relevo hitita
A produção escrita de teor religioso compreende uma massa ritual importante, que descreve o cerimonial das festas, celebradas amiúde durante vários dias, e que incluíam a visita a numerosos santuários. [...] A literatura mágica, largamente representada, não se distingue fundamentalmente da produção similar na Mesopotâmia: os mesmos procedimentos mecânicos de luta contra as investidas do mal encontram-se por toda parte. Quanto à adivinhação, os hurritas recorreram ao augúrio, ao sorteio e à aruspicação. Esta última é de nítida inspiração babilônica. Através das preces, manifesta-se um sentimento muito vivo da responsabilidade pessoal, o cuidado de estabelecer seus limites. Trata-se de um traço original do espírito hitita, que transparece ainda com maior nitidez nas demais obras literárias.
Os hititas possuíam o sentido da História. Dispunham de arquivos bem organizados, a partir dos quais construíram seus relatos, procurando entender as causas e o encadeamento dos fatos, bem como a psicologia dos personagens. O estilo é frequentemente vivo. Desse ponto de vista, seus anais, biografias e preâmbulos de tratados sobressaem de modo surpreendente [...]. Os hititas nos parecem mais humanos. [...]
[...] Embora seja grande o sítio de Hattusa, o efeito provém sobretudo da hábil utilização do lugar. Templos e palácios são formados de enormes blocos de pedra, em que largas janelas se abrem para o exterior, e não para o pátio interno, como na Mesopotâmia. Este é um traço especificamente hitita, bem como a voga do vestíbulo de colunas. [...] Na escultura, os hititas buscaram sobretudo os efeitos de volume [...]. A cerâmica, quase sempre monocroma, por vezes decorada com motivos geométricos, é bastante elegante [...]. Em conjunto, essa civilização parecia mais dotada de vigor que de graça. Representou, todavia, uma força de atração suficiente para seduzir a aristocracia dos povos mediterrâneos, que, não obstante, conheciam as realizações minoicas e micênicas. GARELLI, Paul. O Oriente Próximo asiático: das origens às invasões dos povos do mar. São Paulo: Pioneira, 1982. p. 192-193. (Coleção Nova Clio)
Baixo relevo representando a Batalha de Kadesh: Um soldado egípcio derrotando dois soldados hititas
* Importância dos hititas como
intermediários. O maior valor histórico dos hititas reside, provavelmente, no
papel que desempenharam como intermediários entre o vale do Tigre-Eufrates e as
partes mais ocidentais do Oriente Próximo. Foi, sem dúvida, principalmente
desse modo que certos elementos culturais da Mesopotâmia foram transmitidos a
povos como os cananeus e os hicsos e, talvez, aos povos das ilhas do Egeu. Mas
a própria cultura hitita não deixou de exercer uma influência direta. Refletia-se
nitidamente nos costumes sociais dos frígios, que floresceram nos últimos anos
da era pré-cristã. [...] BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental: do homem
das cavernas até a bomba atômica. Porto Alegre: Globo, 1964. V. 1, p. 134.
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