Crazy Horse Memorial. Para os índios sioux, as "Black Hills" eram montanhas sagradas. Para os brancos, elas só se tornaram importantes em 1875, quando lá se descobriu ouro. Defendendo as "Black Hills", os sioux, chefiados por Lakota Cavalo Doido, derrotaram as tropas federais comandadas pelo general Custer. Mas os brancos tinham muitos recursos e acabaram tomando esse território dos índios. Cavalo Doido foi preso e morto por um soldado armado com uma baioneta, no Forte Robinson.
Mesmo morto, Cavalo Doido nunca foi esquecido por seu povo. Muito tempo depois, em 1947, o artista norte-americano Korczak Ziolkowski, usando a imaginação, começou a esculpir a imagem do grande chefe índio. Assim atendia ao pedido feito, em 1939, por outro chefe sioux, Henry Urso em Pé: criar um monumento em homenagem a Cavalo Doido.
O escultor morreria em 1982 depois de trabalhar 35 anos nas "Black Hills", em Dakota do Sul, dinamitando a montanha "Thunderhead" na sua gigatesca obra, a maior escultura do mundo, com 171 metros de altura. Sua família contratou outros artistas, e o trabalho continua. Talvez fique pronto ao longo do século XXI.
Na rocha maciça de "Thunderhead" que vemos na foto acima, a 2.055 metros de altitude, maçaricos supersônicos e outras tecnologias inovadoras estão configurando cavalo Doido: torso nu, cabelos esvoaçantes, montado no seu cavalo e com o braço apontando para suas montanhas sagradas, "Black Hills".
Gincana de cartas, George Caleb Bingham
Os imigrantes viajavam sempre em caravana, para evitar um eventual extravio e como uma prevenção contra ataques indígenas. A coluna se estendia por vezes por vários quilômetros, mas à noite todos se reuniam: os carroções eram dispostos num círculo, próximo a uma fonte de água, com os animais reunidos em seu interior e presos às rodas, sob a guarda de uma sentinela armada. As intenções dos índios nem sempre eram hostis; sua cobiça se resumia aos cavalos, ao gado e algumas vezes às provisões. A permuta era uma atividade comum entre viajantes e índios, que ofereciam mocassins ou objetos de couro. George Hanter narra o encontro com um bando de trinta a quarenta sioux, homens e mulheres, que insistiam em trocar peles por qualquer alimento. Mas nem sempre as relações eram amistosas: os índios procuravam obter mercadorias à força ou através de emboscadas, fatos fartamente ilustrados em livros e filmes. Bastava aos assaltantes vigiar as fontes de água ao longo das rotas mais frequentadas e aguardar pacientemente a passagem de uma caravana. Isso explica o fato de os índios terem se tornado objeto de um ódio feroz por parte dos viajantes, convencidos de que "o único índio bom é o índio morto". Outros perigos os espreitavam - a sede na travessia do deserto, a doença ao longo do percurso. A cólera e a desinteria figuravam entre os males mais comuns, para os quais não havia remédio. Os mortos eram enterrados em qualquer lugar e seus túmulos marcados com uma cruz, da mesma forma que acontecia com as vítimas dos índios. Nas estradas espalhavam-se esqueletos de animais, seja do gado morto de sede, seja de uma caça abatida para substanciar as refeições. [...]
O barqueiro alegre, George Caleb Bingham
Ao findar o século, cinco linhas transcontinentais ligavam o vale do Mississípi ao oeste, sem contar companhias menos importantes. [...] Atravessar os Estados Unidos, estabelecer-se no oeste ou visitar os parques nacionais não era mais uma aventura. Os índios haviam tentado, num e noutro ponto, opor-se à invasão de suas terras pelas vias férreas, sem outro resultado a não ser a deportação e o confinamento em reservas.* As locomotivas a vapor diferiam das europeias pelo imenso limpa-trilho frontal, em forma de V, para afastar os rebanhos de bisões, mas esses mesmos bisões [...] já tinham desaparecido havia muito tempo. [...] FOHLEN, Claude. O faroeste (1860-1890). São Paulo: Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990. p. 27-37.
"O cowboy converteu-se hoje numa personagem, ou, melhor dizendo, está em vias de se tornar uma personagem mítica. A distância confere a ele o que o tempo conferiu aos heróis da Antiguidade. Seus admiradores vestem-se com todas as qualidades românticas; discorrem sobre suas múltiplas virtudes e suas fraquezas perdoáveis, como se fosse um semideus, e não duvido que em breve haja amplo material para um investigador filosófico que deseje esclarecer as origens e a significação do mito do cowboy. Enquanto isso, o verdadeiro caráter do cowboy se desvanece, suas qualidades verdadeiras perdem-se em relatos de audácia e talento impossíveis..." BAUMAN, John. On a Western ranch. Apud FOHLEN, Claude. O faroeste (1860-1890). São Paulo: Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990. p. 126.
Os Emigrantes, Frederic Remington
"O cowboy converteu-se hoje numa personagem, ou, melhor dizendo, está em vias de se tornar uma personagem mítica. A distância confere a ele o que o tempo conferiu aos heróis da Antiguidade. Seus admiradores vestem-se com todas as qualidades românticas; discorrem sobre suas múltiplas virtudes e suas fraquezas perdoáveis, como se fosse um semideus, e não duvido que em breve haja amplo material para um investigador filosófico que deseje esclarecer as origens e a significação do mito do cowboy. Enquanto isso, o verdadeiro caráter do cowboy se desvanece, suas qualidades verdadeiras perdem-se em relatos de audácia e talento impossíveis..." BAUMAN, John. On a Western ranch. Apud FOHLEN, Claude. O faroeste (1860-1890). São Paulo: Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1990. p. 126.
Interior do Forte Laramie, Alfred Jacob Miller
* "Soube que pretendem colocar-nos em uma reserva das
montanhas. Não quero ficar nela. Gosto de vagar pelas pradarias. Nelas me sinto
livre e feliz; quando nos estabelecemos, ficamos pálidos e morremos. Pus de
lado minha lança, o arco e o escudo, mas me sinto seguro na sua presença.
Disse-lhes a verdade. Não tenho pequenas mentiras ocultas em mim, mas não sei
como são os Comissários. São tão francos quanto eu? Há muito tempo, esta terra
pertencia aos nossos antepassados; mas quando subo o rio, vejo acampamentos de
soldados em suas margens. Esses soldados cortam minha madeira, matam meu búfalo
e, quando vejo isso, meu coração parece partir; fico triste... Será que o homem
branco se tornou uma criança que mata sem se importar e não come o que matou? Quando
os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver e não morrer de
fome." Depoimento de Satanta, chefe dos Kiowas, colhido por volta de
1870. In: BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. São
Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 179.
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