Marylin Monroe, atriz americana (1926-1962)
"Desde o início do século XIX, na Europa, multiplicavam-se os ginásios, os professores de ginástica, os manuais de medicina que chamavam a atenção para as vantagens físicas e morais dos exercícios. [...] Nos finais do século, mulheres começam a pedalar ou a jogar tênis [...]. erseguia-se tudo o que pudesse macular o papel de mãe dedicada exclusivamente ao lar. Era como se as mulheres estivessem se apropriando de exercícios musculares próprios à atividade masculina. [...] A elegância feminina começou a rimar com saúde. [...]
No início do século XX, tem início a moda da mulher magra. Não foi apenas uma moda, foi também [...] uma obsessão pelo emagrecimento. [...] A chamada "boa aparência" impunha-se. Os bons casamentos sobretudo dependiam dela. Olhos e boca, agora, graças ao batom industrializado, passam a ser o centro de todas as atenções. [...]
Graças ao cinema americano, novas imagens femininas começam a multiplicar-se. [...] A moda, diz uma historiadora, foi uma das principais articuladoras do novo ideal estético imposto pela indústria cinematográfica americana. Não era mais Paris quem a ditava, mas os estúdios de Hollywood. [...] Ora, o poder de sedução de estrelas do cinema marcou toda uma geração de mulheres, servindo de modelo para a imagem que queriam delas mesmas. [...]
Envelhecer começa a ser associado à perda de prestígio e ao afastamento do convívio social. [...] A obesidade começa a tornar-se um critério determinante de feiúra. [...] A gordura opunha-se aos novos tempos que exigiam corpos ágeis e rápidos. As carnudas estrelas dos anos 50, como Marilyn Monroe [...], foram substituídas, nos 60, por criaturas esquálidas. [...] O resultado dessa onda é que os casos de bulimia e aneroxia nervosa não param de se multiplicar entre jovens [...].
Graças à supremacia das imagens, instaurou-se a tirania da perfeição física. Daí a multiplicação de fábricas de "beleza" cujo pior fruto é a clínica de cirurgia plástica milagrosa. [...] Hoje, todas querem ser magras, leves, turbinadas. Num mundo onde se morre de fome, grassa uma verdadeira lipofobia. Realizada em setembro de 1996, uma pesquisa do Datafolha, cujo título era "Beleza a qualquer custo", revela que 50% das mulheres não estavam satisfeitas com o seu peso e 55% gostariam de fazer uma crirurgia plástica. [...]
A indústria cultural ensina às mulheres que cuidar do binômio saúde-beleza é o caminho seguro para a felicidade individual. Nessa perspectiva, o sujeito serve ao corpo em vez de servir-se dele. [...]"
PRIORE, Mary Del. Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil. São Paulo: Senac, 2000. p. 61-98.
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