Pintura mural de dignitários maias em Bonampak. Chiapas, México.
* Instalação e habitação. A maior parte da península do Iucatã compreende terrenos baixos e planos, cujas elevações não ultrapassam os 500 metros acima do nível do mar. Sua base rochosa é calcária e de origem relativamente recente. Pode-se dizer que a região carece de rios, posto que o Usumacinta, que é a única via fluvial que merece este nome, encontra-se muito ao sul, na base mesmo da península. Há, em contrapartida, numerosas correntes subterrâneas que afloram em muitas partes, formando o que regionalmente se chamam cenotes ou poços. Tampouco faltam alguns lagos permanentes ou um número maior de temporários, que se formam na época das chuvas.
Como é natural, a instalação humana só pôde acontecer em lugares onde havia água em abundância, fosse ao redor dos cenotes ou nas cercanias das muitas aguadas, cisternas naturais, ou artificiais, ou ambas às vezes. Ademais, quando necessitavam, os maias costumavam aumentar seu caudal de água, mediante a escavação de chultunes.
Se pretendemos medir as cidades maias pelo que se passa nas nossas, apenas algumas mereceriam tal nome. As do Velho Império foram simples centros cerimoniais ao redor dos quais se concentravam, em um raio mais ou menos grande, os povoadores. Um pouco mais apinhada estava a população nas cidades do Novo Império. Mas nem em umas nem em outras os grandes edifícios, os palácios, os templos, os jogos de bola estavam dispostos ao longo de ruas, como sucede entre nós, mas ao redor de pátios e praças. É quase certo que, ao menos no norte de Iucatã, saíam de cada um desses centros urbanos quatro avenidas pavimentadas em direção dos quatro pontos cardeais. As construções residenciais achavam-se mais ou menos dispersas nos espaços livres entre uma e outra avenida. Em certos lugares, o centro do povoado constituía um mercado e à sua margem estavam situados os edifícios públicos. Algumas cidades do Novo Império, como Mayapã, tinha todo o conjunto urbano defendido por uma muralha.
Nem todas as casas apresentavam o mesmo tipo, já que o desenvolvimento histórico e a situação social e econômica de seus habitantes influíam na sua qualidade. Em sua maioria, tinham planta regular, ainda que tampouco faltassem as ovaladas, no que temos de ver a persistência de uma situação anterior. As moradias antigas e as mais modernas se nos apresentam frequentemente construídas sobre uma plataforma de alvenaria. Apesar de haver muitas construções de cal e pedra, em sua maioria tinham paredes de material inconsistente. O teto era quase sempre de palha e de forma piramidal.
Nem todas as casas apresentavam o mesmo tipo, já que o desenvolvimento histórico e a situação social e econômica de seus habitantes influíam na sua qualidade. Em sua maioria, tinham planta regular, ainda que tampouco faltassem as ovaladas, no que temos de ver a persistência de uma situação anterior. As moradias antigas e as mais modernas se nos apresentam frequentemente construídas sobre uma plataforma de alvenaria. Apesar de haver muitas construções de cal e pedra, em sua maioria tinham paredes de material inconsistente. O teto era quase sempre de palha e de forma piramidal.
O mobiliário era simples. Dormia-se em leitos de paus, tapados com mantas de algodão, e em redes, para descansar e, sobretudo, quando se viajava. Nas fontes antigas há algumas referências a cadeiras, mas sem maiores detalhes. É provável que, igualmente ao que se fazia no norte de Iucatã, se cozinhasse em uma pequena construção anexa à principal.
Pintura mural em Bonampak. Chiapas, México
* Vestimenta e adorno. A parte mais importante da indumentária dos homens era o taparrabo, chamado ex ou mástil, em idioma maia. Consistia em uma tira de algodão tingida de várias cores, da largura da mão. Essa tira era passada entre as pernas e atada à cintura, de tal modo que um extremo era pendurado na frente e outro atrás. Além dessa peça indispensável, todos os varões, inclusive os escravos, usavam uma manta quadrada que lhes cobria a parte superior do corpo. Costumavam passá-la por baixo de um braço e atá-la sobre o outro ombro. A manta podia ser branca ou de cor, lisa ou adornada com penas.
Os nobres usavam outra peça cuja origem parece ser mexicana. Era uma espécie de blusa sem mangas chamada xicul, que adornavam com cores vivas e com bordados e plumas. Da mesma maneira, os mástiles, usados pela gente "bem", levavam belos adornos de plumas.
As mulheres vestiam anáguas ou fraldelins cingidos na cintura, que iam até a metade das pernas. O busto costumava ficar despido mas decorado com tatuagens. Certas mulheres agregavam um pano de algodão que, passando por uma axila, e pendurado ao outro ombro, cobria-lhes os peitos. Também vestiam uma manta grande, que de noite lhe servia de cobertor.
Homens e mulheres deixavam crescer os cabelos. Os homens cortavam uma espécie de tonsura na parte superior da cabeça e com o resto do cabelo formavam uma trança que dispunham ao redor da cabeça formando uma espécie de grinalda. As mulheres conseguiam com os seus cabelos duas largas tranças. Iam descalços ou usavam sandálias feitas de pele de veado e com ataduras de henequén.
Colares de contas de jade, de concha, de dentes de animais eram os adornos mais comuns. Usavam, também, braceletes, pulseiras e joelheiras de plumas. No Novo Império conheceram-se também os adornos de ouro e de cobre. Adornavam nariz e orelha. Colocavam um pedaço de âmbar em um orifício que era feito no septo nasal e contas de jade nas aletas. Esse era um costume tipicamente maia, já no Velho Império. Os adornos de orelha eram importação mexicana.
FRAUD, Salvador C. "Los mayas". In: Las civilizaciones pré-hispanicas de América. Buenos Aires: Sulamericana, 1976. p. 469-95.
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