Um retrato de Heeni
Hirini (também conhecido como Ana Rupene) e a criança, Gottfried Lindauer
[...] Ramo secundário dos europóides,
com elementos mongolóides e negróides, eram de estatura elevada, com facies europeu, nariz fino, cabeleira
lisa, tez morena, com a vista e o ouvido mais aguçados do que os europeus mas
com olfato e gosto diferentes.
Navegadores incomparáveis, eram
capazes de percorrer, sem escala, 2.500 quilômetros .
Sabiam calcular a posição utilizando cabaças nas quais praticavam orifícios. Nas
Samoas e no arquipélago Tonga, as pirogas duplas, com 30 metros de comprimento,
chegavam a levar 140 remadores. Cada ilha possuía uma frota. Cook contou 220
unidades em Taiti, cuja população, segundo cálculos, atingia 200.000
habitantes.
Um retrato do Sr. Paramena, Gottfried Lindauer.
Os utensílios de que dispunham
pertenciam à idade da pedra polida mas os seus objetos, principalmente os dos
Maoris da Noza Zelândia, imitavam, segundo parece, os de metal. Seus
antepassados haviam conhecido, ao que se julga, o metal e a cerâmica. Em todo o
caso, estas artes haviam sido esquecidas, na Polinésia, quando os europeus
chegaram, e é certo que os seus utensílios já haviam sido melhores, antes do século
XVIII.
Seu vestuário era de Phormium tenax (linho) na Nova Zelândia.
Entretanto, nas ilhas quentes haviam abandonado o tear de seus antepassados
pelo trabalho com cascas de árvores, de que faziam saias enfeitadas com galões
e triângulos. Usavam plumas brilhantes, folhas lanceoladas e finas tatuagens.
Um retrato da Sra. Paramena, Gottfried Landauer
Suas casas tinham como base
plataformas de pedra, cobertas de esteiras. Nas Ilhas Marquesas atingiam um
comprimento entre 20 a
100 metros ,
e tinham mosquiteiros e travesseiros de bambu. Os maoris possuíam fortes que
podiam conter vários milhares de pessoas, com fossos, parapeito, paliçadas e
plataformas mais elevadas para os defensores.
Estes povos encontravam-se no
estágio da grande família de várias centenas de pessoas análogas à gens romana
e aos genos gregos. A sociedade estava dividida em classes hierarquizadas,
reis, nobres, homens livres e escravos. O rei, hereditário em linha masculina,
por ordem de primogenitura, era uma encarnação da divindade e, por conseqüência,
sagrada. Os nobres possuíam feudos e dominavam as assembléias deliberativas.
Dispunham de toda a terra. Suas ossadas eram depositadas nos lugares sagrados e
só eles tinham direito à sobrevivência. Escolhiam chefes locais que decidiam,
com poder absoluto, sobre todas as empresas comuns e que eram substituídos se
demonstravam indecisão ou má capacidade de julgamento. Os homens, teoricamente
livres, eram, de fato, passíveis, segundo a vontade dos senhores, de talhas e
corvéias.
Um retrato de Kewene Te Haho, Gottfried Landauer
A sua religião parecia conter
elementos bramânicos, talvez persas ou babilônicos. Os maoris, por exemplo,
acreditavam num Deus supremo, eterno, onipotente, justo, que habitava no duodécimo
céu. Mas era tão sagrado que a maioria dos maoris morria sem saber que esta
parte da sua religião existia. Tinham depois, todos, um panteão de grandes
deuses do céu e de deuses locais, das florestas, das colheitas, da guerra, do
mar, do mal, com toda uma mitologia explicativa do universo. Adoravam, além
disso, uma multidão de espíritos espalhados por toda a natureza e os espíritos
dos antepassados. A classe sacerdotal, recrutada entre os nobres, conservava as
narrativas míticas e presidia às cerimônias, que compreendiam sacrifícios
humanos. A Ilha Caiatia era a sede de sacrifícios comuns a toda a Polinésia. Empregava-se
a magia. A religião provocara o aparecimento de uma poesia de grande beleza e
de uma escultura de valor que muitas vezes visava apenas proporcionar prazer.
Um retrato de Taraia Ngakuti Te
Tumuhia, Gottfried Lindauer
Havia continuamente guerras entre
estes povos. As aldeias e as plantações eram incendiadas; comiam-se os
vencidos, sendo o coração reservado aos chefes.
[...]
Nos séculos seguintes, em contato
com os europeus, os oceaninos declinaram muito.
MOUSNIER, Roland; LABROUSSE,
Ernest. O século XVIII: o último século
do antigo regime. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 377-379.
(História geral das civilizações, v. 11)
NOTA: O texto "Povos da Oceania: os polinésios" não representa,
necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de
refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.
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