Tohunga sendo alimentado no tapu (sagrado/proibido), Gottfried
Lindauer.
Os melanésios encontravam-se num
estágio de civilização que recordava o período neolítico adiantado. Fisicamente
mais evoluídos, de barba rala, o nariz mais reto, as arcadas supraciliares
raramente proeminentes, usavam enfeites mais rebuscados: tatuagens para as
mulheres, pinturas no corpo para os homens, deformação da cabeça ou da cintura,
descoloração dos cabelos, ou pintura com ocre, colares e braceletes feitos de
dentes e de conchas, plumas ou flores nos cabelos.
Seus utensílios eram mais
aperfeiçoados: achas de pedra polida, facas de conchas, limas em pele de raia,
sovelas de ouro, armas variadas, compreendendo arcos e fundas. Eram
principalmente excelentes marinheiros que sabiam construir e dirigir grandes
pirogas e também hábeis agricultores que, com um simples pau para revolver a
terra, cultivavam inhame e taro. Conheciam o sistema monetário, baseado em
plumas ou em dentes, eram ávidos de lucro e alguns faziam belas fortunas,
emprestando a um juro de 100%.
Sua sociedade era matriarcal.
Eram os tios quem mandavam nos filhos da irmã. Os homens comiam e dormiam numa
espécie de clube da aldeia e os dois sexos viviam quase sempre separados. O
casamento fazia-se por compra e os ricos eram polígamos.
O Estado político era democrático,
mas as sociedades secretas desempenhavam grande papel e nestas só os ricos, que
podiam despender grandes somas e dar festas, ascendiam aos graus superiores. Estas
sociedades aterrorizavam os não-iniciados por meio de agressões, multas e até a
morte.
Suas crenças religiosas eram
vivas, embora, ao mesmo tempo, de um nível inferior às dos outros povos
precedentes, menos civilizados. Acreditavam no mana, virtude sobrenatural
transmissível. Um bom pescador possuía o mana. Para triunfar em qualquer coisa
era preciso mana, e este podia conseguir-se através da magia. Algumas formas de
mana eram perigosas. Nessa altura o tabu (interdição) era lançado sobre as
pessoas, os objetos ou os lugares que o possuíam. Todos eram animistas, isto é,
acreditavam na existência de espíritos difundidos nas pedras, nas árvores, nas
serpentes, em toda parte. Mas não se elevavam ao politeísmo; acreditavam na
sobrevivência dos espíritos dos mortos. Entregavam-se a preces, sacrifícios,
cantos ritmados e talhavam na madeira a figura do antepassado que participaria
na vida de seus descendentes.
Os micronésios
assemelhavam-se-lhes muito, embora num grau um pouco mais elevado. Navegadores
notáveis, os seus comerciantes realizavam longas viagens em pirogas de
balancim, servindo-se de mapas feitos de canos de bambu. Tinham uma nobreza e
servos. Os navegadores mais peritos eram recompensados com a concessão de
feudos. Certas ilhas haviam atingido o politeísmo e possuíam um rico panteão,
dominado por um Deus.
MOUSNIER, Roland; LABROUSSE,
Ernest. O século XVIII: o último século
do antigo regime. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 376-377
(História geral das civilizações, v. 11)
NOTA: O texto "Povos da Oceania: os melanésios e os micronésios" não representa,
necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de
refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.
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