"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

domingo, 21 de setembro de 2014

Avanços da tecnologia no Mundo Clássico (500 a.C. - 600 d.C.)

A era clássica assistiu a grandes mudanças da sociedade humana. No mundo inteiro, a população cresceu, a produção de alimentos se intensificou e os Estados ficaram ainda mais complexos, com estruturas sociais e políticas cada vez mais sofisticadas. Desenvolveram-se talentos especializados nas artes e no artesanato, na arquitetura e na poesia; forçaram-se os limites do conhecimento na astronomia, na matemática e na engenharia. Nas civilizações mais desenvolvidas, houve avanços tecnológicos importantíssimos. Descobriram-se o ferro fundido e o aço; o poder do vento e da água foi utilizado; a equitação e a arte da guerra foram revolucionadas com a invenção do estribo por volta de 300 a.C. A chegada do leme e da bússola transformou as viagens marítimas.

- Metalurgia. Na era clássica, o ferro se tornou cada vez mais disseminado como matéria-prima de ferramentas e armas afiadas e resistentes. Por volta de 500 a.C., os chineses aprenderam a produzir ferro fundido acrescentando carbono ao metal quando ainda derretido. Com o baixo ponto de fusão, a facilidade de ser moldado e a resistência ao desgaste, o ferro fundido era excelente para fazer armas e estatuetas. No século III a.C., os indianos misturaram ferro, carvão e vidro para criar um metal muito mais duro e forte: o aço.

- Tecnologia energética. No mundo antigo, a maior parte da energia era fornecida por animais ou seres humanos. Na era clássica, os gregos encontraram meios de amplificar a energia disponível com alavancas e sistemas de roldanas. Entretanto, os métodos de tração animal na verdade pouco mudaram além do desenvolvimento de arreios mais eficazes para bois e burros e rodas que giravam mais suavemente.

Aos poucos, as civilizações descobriram meios de usar a força do vento e da água para mover as suas máquinas. Embora as velas fossem usadas para deslocar barcos e navios desde o quarto milênio a.C., houve avanços importantes no início da era clássica. Por volta de 500 a.C., os gregos e os fenícios começaram a construir navios com dois mastros: um mastro central com vela redonda e um mastro menor com vela triangular. Isso permitiu a construção de navios muito maiores que podiam levar cargas muito mais pesadas.

No século I a.C., inventaram-se na China, na Índia e no Império Romano as primeiras rodas d’água para aproveitar a energia gerada pela água ao cair de certa altura ou se deslocar rio abaixo. No final do século I, na Síria, as rodas d’água foram equipadas com tubos ou baldes para criar meios de irrigação. O eixo giratório da roda d’água também podia mover outras máquinas, geralmente moinhos para transformar cereais e outros grãos em farinha. No entanto, os primeiros moinhos de vento só foram construídos por volta de 650 d.C.

- Transporte. Nas viagens marítimas, surgiram duas inovações importantíssimas na era clássica. Entre 300 e 100 a.C., os chineses inventaram o leme e tornaram a navegação muito mais fácil. Depois, no século I d.C., inventou-se a bússola, também na China. Descobriu-se que uma agulha de ferro imantada que flutuasse na água sobre uma lasca de madeira apontava a linha Norte-Sul. A bússola tornou-se inestimável para os navegantes.


Uma estrada romana em Pompeia. 
Foto: Paul Vlaar

Em termos de viagem terrestre, os melhores construtores de estradas do mundo clássico foram os romanos. Eles inventaram uma ferramenta especial de topografia, chamada groma, para construir as estradas mais retas que fosse possível. As estradas romanas tinham três camadas, com profundidade de cerca de um metro: sobre uma base de areia e argamassa, dispunham-se filas de pedras planas e, superfície, uma mistura de cal e cascalho. Em razão das excelentes estradas, os romanos puderam desenvolver vários veículos com rodas para percorrer grandes distâncias de forma rápida e confortável. Deles, um dos maiores era o clabularium. Puxado por oito bois, podia transportar cargas de até meia tonelada.


WOOLF, Alex. Uma Nova História do Mundo. São Paulo: M.Books do Brasil, 2014. p. 98-99.


NOTA: O texto "Avanços da tecnologia no Mundo Clássico (500 a.C. - 600 d.C.)" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário