O reino de Axum, onde atualmente se localiza a Etiópia, começou a se formar por volta do século V a.C., em uma área de solos férteis que estimularam a agricultura e a criação de animais. Entre os séculos II e III d.C., Axum dominou diversos reinos e cidades da África e cobrava-lhes tributos. O império estendeu-se também por grande parte do sul da península arábica, onde o controle axumita se manteve até o século VI.
Expedição egípcia ao Punt durante o reinado de Hatshepsut. Foto: Hans Bernhard
A facilidade de acesso ao mar Vermelho e ao rio Nilo colocou os axumitas em contato com egípcios, gregos, romanos, árabes, persas, sírios, indianos, judeus, com os quais mantiveram intenso comércio. As trocas comerciais possibilitaram também um intercâmbio cultural: a língua e a escrita de Axum assemelhavam-se às do sul da península arábica; seus costumes e tradições assemelhavam-se aos dos gregos e romanos.
Compravam e vendiam marfim, algodão, linho, seda, vidro, machados, adagas, vinho, azeite, pedras preciosas e objetos de luxo. No comércio popular circulavam mercadorias como sal, alimentos, cerâmica, tecidos rústicos e utensílios de ferro. Os pagamentos eram feitos com moedas de ouro, prata e bronze.
O desenvolvimento comercial estimulou as viagens pelo oceano Índico, pelo mar Vermelho e pelo mar Mediterrâneo e favoreceu a produção de conhecimentos técnicos sobre navegação. As embarcações eram feitas de pranchas de madeiras presas com cordas e resistiam a longas viagens.
A sociedade subdividia-se em nobres, mercadores, marinheiros, artesãos, soldados e numerosos escravos. Grande parte da riqueza axumita era produzida no comércio, na exploração do trabalho escravo e na criação de gado.
"Esse comércio - diz Alberto da Costa e Silva - era essencialmente de artigos de luxo, cujo alto valor compensava o transporte a distância. Em Axum, devia ser monopólio do rei, negócio de estado, apanágio da nobreza. O poder do soberano tinha nele um dos seus assentos, e outros nos seus incontáveis rebanhos e na numerosa escravaria. Certa atividade mercantil estava mais ao serviço do comum das gentes: a que se fazia em torno do sal, que vinha do deserto da Dancália, das barras e utensílios de ferro, dos tecidos rudes, da cerâmica, dos alimentos."
A arquitetura caracterizou-se por amplos palácios, templos, monumentos, mercados, feitos com basalto, granito e mármore finamente trabalhados e esculpidos. Os templos eram erguidos com trabalho coletivo, por meio do qual blocos de pedra pesando centenas de toneladas eram retirados das pedreiras e levados até o local das construções.
"Em torno das comunidades agrícolas que se dedicavam à agricultura e ao pastoreio - diz José Rivair Macedo -, organizaram-se poderes centralizados para os quais foram edificados palácios, túmulos e altares com admiráveis registros iconográficos gravados em pedra, uma estatuária rica em motivos guerreiros e uma forma de escrita desenvolvida. Sinais evidentes de uma sociedade hierarquizada, diversificada e complexa, que estaria na origem da atual Etiópia."
"Esse comércio - diz Alberto da Costa e Silva - era essencialmente de artigos de luxo, cujo alto valor compensava o transporte a distância. Em Axum, devia ser monopólio do rei, negócio de estado, apanágio da nobreza. O poder do soberano tinha nele um dos seus assentos, e outros nos seus incontáveis rebanhos e na numerosa escravaria. Certa atividade mercantil estava mais ao serviço do comum das gentes: a que se fazia em torno do sal, que vinha do deserto da Dancália, das barras e utensílios de ferro, dos tecidos rudes, da cerâmica, dos alimentos."
A arquitetura caracterizou-se por amplos palácios, templos, monumentos, mercados, feitos com basalto, granito e mármore finamente trabalhados e esculpidos. Os templos eram erguidos com trabalho coletivo, por meio do qual blocos de pedra pesando centenas de toneladas eram retirados das pedreiras e levados até o local das construções.
"Em torno das comunidades agrícolas que se dedicavam à agricultura e ao pastoreio - diz José Rivair Macedo -, organizaram-se poderes centralizados para os quais foram edificados palácios, túmulos e altares com admiráveis registros iconográficos gravados em pedra, uma estatuária rica em motivos guerreiros e uma forma de escrita desenvolvida. Sinais evidentes de uma sociedade hierarquizada, diversificada e complexa, que estaria na origem da atual Etiópia."
Os axumitas acreditavam na vida após a morte. Construíam monumentos como esse, chamados de estelas, em homenagem aos reis mortos. As paredes laterais continham entalhes de figuras divinas e na base ficava um altar com uma espécie de bacia para onde escorriam o sangue dos sacrifícios de animais e o vinho das oferendas.
No século IV teve início em Axum a divulgação da religião cristã. Ao que parece, ela chegou aos axumitas por influência de um conselheiro do reino que era cristão e viera da cidade de Roma [...], onde o cristianismo já havia sido difundido.
O rei Ezana, cujo governo ocorreu por volta dos anos 325 e 360, converteu-se ao cristianismo e o transformou na religião oficial de Axum. No entanto, a nova religião foi aceita aos poucos, convivendo por muito tempo com as crenças locais. Nos territórios do norte, por exemplo, o número de cristãos tornou-se significativo somente no início do século VI. Textos bíblicos foram traduzidos para o idioma falado pelos antigos etíopes; em numerosos mosteiros viviam monges que dedicavam sua vida às orações, à meditação e à caridade.
Ainda no século VI, o Império de Axum foi se enfraquecendo devido a conflitos e disputas comerciais com outros impérios da época, sobretudo o Bizantino e o Persa.
Rei etíope encontrando embaixadores da Pérsia. Franciszek
Smuglewicz
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013. p. 30.
PANAZZO, Silvia; VAZ, Maria Luísa. Navegando pela História. São Paulo: Quinteto Editorial, 2009. p. 81-83.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. p. 204.