De besta
Acabou a água fresca
Nas cacimbas do sertão
Sou escravo
maltrapilho, sou
Posseiro
Sou o não ao meu destino
Nessa luta pelo pão
São mais de 500 anos
Tanto trote
Não duvide do meu mote
Sei dizer o que vivi
Minha memória feita de
Brasil Adentro
Eu navego pela História
Do Rio Grande ao Cariri
Eu vi entrando caravelas
da Conquista
Num certo porto inseguro
Obscuro ponto de vista
Vi bandeirantes se
matando
Pelo ouro
Errantes com sede e
drama
Na terra de Pindorama
Cheguei nos pampas
Vi as lutas do meu povo
E percebi ali
o novo
Da vida sendo aprendiz
Na saga dessa gente
Quilombola
Vi precursores, penitentes
Sem esmola
Resistência dos nativos
E barões já decadentes
Feito um lamento
De um tropeiro, ouvi um
Grito estranho
Era dependência e mortes
E o latifúndio tacanho
Passou o tempo
Quero mudança na ação
Agora são outros 500
Pra construir de novo a
nação.
(Chico Alencar)
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