O jardim das delícias terrenas (detalhe), Hieronymus Bosch
Um condenado caga moedas de ouro.
Outro pende de uma chave imensa.
A faca tem orelhas.
A harpa toca o músico.
O fogo gela.
O porco veste touca de freira.
No ovo, habita a morte.
As máquinas manejam as pessoas.
Cada um na sua.
Cada louco com sua mania.
Ninguém se encontra com ninguém.
Todos correm para lugar nenhum.
Não têm nada em comum, exceto o medo mútuo.
- Há cinco séculos, Hieronymus Bosch pintou a globalização - comenta John Berger.
GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 100-101.
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