Louis Armstrong, Adi Holzer
Vem dos escravos a mais livre das músicas. O jazz que voa sem pedir licença, tem como avôs os negros que trabalhavam cantando nas plantações de seus amos, no sul dos Estados Unidos, e como pais os músicos dos bordéis negros de Nova Orleães. As bandas dos bordéis tocam a noite inteira sem parar, em palcos que as põem a salvo dos golpes e punhaladas quando o caldo entorna. De suas improvisações nasce a louca música nova.
Com o que economizou distribuindo jornais, leite e carvão, um garoto baixinho e tímido acaba de comprar corneta própria por dez dólares. Ele sopra e a música se espreguiça longamente, longamente, saudando o dia. Louis Armstrong é neto de escravos, como o jazz, e foi criado, como o jazz, nos puteiros.
GALEANO, Eduardo. Memória do fogo: O século do vento. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 592.
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