Mãe e filha, Alfredo Volpi
Ao longo da década de 30, a cultura caracterizou-se pela incorporação das questões levantadas pelo movimento modernista. Buscando entender o processo constitutivo da sociedade brasileira, vieram à luz nesse período três estudos fundamentais: Casa-grande e senzala (Gilberto Freyre), Raízes do Brasil (Ségio Buarque de Holanda) e Evolução política do Brasil (Caio Prado Jr.). Participam desse esforço de compreensão e atualização a proliferação de romances regionalistas e a criação da Universidade de São Paulo. Nas artes plásticas, o submundo do trabalho e da vida urbana e rural foi mantido à tona pelos "primeiros modernos" e pelas gerações posteriores.
Figura de cangaceira, José Antônio da Silva
A partir de então, a busca pela modernidade começou a tingir-se dos matizes ideológicos que sacudiam o mundo após a Revolução Socialista na Rússia e a ascensão de Hitler na Alemanha. A ditadura de Vargas e a explosão da Segunda Guerra Mundial levaram os intelectuais e artistas brasileiros a assumirem abertamente posições à direita e à esquerda. Muitos foram cooptados pelo Estado Novo, passando a ocupar postos-chaves na administração pública. Outros organizaram-se na luta contra o regime autoritário. Vale destacar aqui o I Congresso Brasileiro de Escritores, dirigido por Aníbal Machado e Sérgio Milliet.
Os garis, Carlos Prado
A década de 50, impulsionada pela democratização e pelo desenvolvimento, revestiu-se de uma atmosfera otimista. Ainda que os contrastes da sociedade brasileira marcassem as representações culturais, a renovação musical produzida pela bossa-nova e a renovação poética do Concretismo traduziam a expectativa do crescimento e da superação dos problemas da nação. O cinema, após a fracassada tentativa da Companhia Vera Cruz, buscava caminhos alternativos aos moldes "hollywoodianos". Com poucos recursos mais muitas ideias de vanguarda, começava a estabelecer-se o Cinema Novo, trazendo para as telas os impasses da realidade social do país. Ao final da década, a construção de Brasília, projetada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, consolidava uma linguagem arquitetônica moderna ao sul do Equador.
Ônibus rural, Newton Rezende
No engajado ambiente dos anos 60, a cultura brasileira conhece um de seus momentos mais profícuos. Jovens intelectuais de esquerda procuravam linguagens artísticas, na música e na dramaturgia, para divulgar seus sonhos libertários e suas utopias socialistas. Tempos dos festivais e do Centro Popular de Cultura. As artes assumiam ainda mais um discurso ideológico, procuravam denunciar a pobreza, o imperialismo, a sociedade de consumo. Entre a herança cultural e social do país e as conquistas tecnológicas do mundo moderno, entre a modernização tão almejada e os problemas da modernidade, o Tropicalismo (de Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros) conseguia expressar a ambiguidade da sociedade brasileira. Retomando as questões modernistas, fazia-se antropofagia.
CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. p. 68.
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