Fragmento de papiro do Livro VIII da obra "Histórias", de Heródoto.
A organização política da cidade-estado conhecida por Heródoto já tinha passado por uma longa evolução e chegado até a denominada democracia. [...]
Seus relatos têm a intenção de passar o que viu e aprendeu aos seus contemporâneos e aos que viverão depois dele. Seu registro da memória já tem a preocupação com a veracidade dos fatos narrados, embora muitas vezes tenha acreditado nas crenças tradicionais, sem questioná-las nem procurar esclarecê-las.
Heródoto recorreu a diversas fontes de informações. Ele viajou muito e observou diretamente aspectos geográficos, costumes dos povos "bárbaros" e dos gregos, fez perguntas a artesãos, viajantes, soldados e sacerdotes, leu escritos de autores antigos e contemporâneos. Encontramos em Heródoto informações de caráter econômico, político, militar, cultural e geográfico sobre os diversos povos e regiões com os quais os gregos entraram em contato.
A obra de Heródoto traduz ainda uma preocupação grega da época. Os gregos naquele momento ampliavam o seu poder e influência, principalmente no aspecto econômico, na região do Mediterrâneo. As informações que ele recolhia tinham, portanto, um caráter utilitário: colaborar na expansão grega.
Heródoto temia que os povos "bárbaros", principalmente os persas, destruíssem a civilização grega. O aspecto mais marcante dessa civilização era o cidadão livre da pólis. A sua obra Histórias informa os cidadãos gregos sobre os perigos da barbárie.
Os resultados das investigações de Heródotos de Halicarnassos são apresentados aqui, para que a memória dos acontecimentos não se apague entre os homens com o passar do tempo, e para que feitos maravilhosos e admiráveis dos helenos e dos bárbaros não deixem de ser lembrados, inclusive as razões pelas quais eles se guerrearam. Heródotos. Histórias. Clio, Livro I, Capítulo 1. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1985. p. 19.
Ele se coloca como um narrador neutro, sem emitir opinião sobre o que registra. Mas, na verdade, sua obra está orientada pelos valores e preocupações das cidades-estados gregas. Para preservá-las, os gregos deveriam domar o espírito, submeter-se a um treinamento árduo, confiar em seus líderes e nos deuses. A vitória grega sobre a barbárie dependia da capacidade militar (determinação, disciplina) e da vontade dos deuses.
PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza. História por eixos temáticos. São Paulo: FTD, 2002. p. 89 e 97.
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