Eva Perón (1919-1952), Fotógrafo desconhecido
Filha ilegítima de um fazendeiro com sua costureira, Maria Eva Duarte nasceu em Los Toldos, na província de Buenos Aires, em 1919. Pobre e discriminada na infância, buscou sublimação na pequena sala de cinema que frequentava e no encantamento pelas atrizes de Hollywood. Norma Sheater em particular, inspirou as ambições e o estilo que mais tarde distinguiriam Evita como carismática líder do peronismo.
Aos 15 anos, deixou o lar materno para tentar a sorte como atriz em Buenos Aires. Suportou muitas negativas e humilhações. Conheceu Juan Domingo Perón em 1944, quando este era secretário de Trabalho e Previdência do governo do GOU. Nos episódios envolvendo a prisão do coronel, Evita organizou manifestações em sua defesa. Casaram-se em 1945, cinco dias após o lendário 17 de outubro, quando uma multidão reunida na Praça de Maio forçou o presidente Farrell a ceder, convocando Perón para discursar aos trabalhadores dos balcões da Casa Rosada.
Evita ocupou um lugar preponderante nas relações que o peronismo estabeleceu com a classe obrera na Argentina. Alçada à condição de primeira-dama com a eleição de Perón, assumiu a condução da Secretaria do Trabalho, passando a mediar os conflitos e as alianças com o meio sindical. Mobilizou potentes estratégias simbólicas para cativar a lealdade dos sindicatos e puniu os que mantiveram posições independentes.
Por meio da Fundação Eva Perón, dirigiu ações caritativas voltadas à criação de escolas, orfanatos e asilos, à promoção de campeonatos esportivos para crianças e jovens, à acolhida dos pedidos que chegavam de camas em hospitais, máquinas de costura, brinquedos e outros favores. As cartilhas de primeiras letras adotadas nas escolas públicas reforçaram o culto à grande benfeitora, ensinando a máxima "Evita me ama". E, nos bairros populares, as mulheres foram incentivadas a organizar núcleos de ação social por meio dos quais construíam sua participação na esfera pública. Em 1947, a Argentina peronista instituiu o voto feminino.
No auge de seu prestígio, Eva Perón adoeceu. Faleceu em 26 de julho de 1952, aos 33 anos, de câncer no útero. Seu corpo foi embalsamado e exposto à visitação pública. Em 1955, após o golpe militar que derrubou o presidente, o cadáver foi roubado e levado a um cemitério na Itália. Foi mais tarde devolvido a Perón, então exilado na Espanha, e finalmente trasladado de volta a Buenos Aires, em 1975. Segue atraindo ao cemitério da Recoleta romeiros em busca de santa Evita.
PRADO, Maria Ligia; PELLEGRINO, Gabriela. História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014. p. 147.
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