Dido sentada em um trono olhando para a personificação da África (vestida com pele de elefante). Navio de Enéas ao fundo. Afresco romano do século I d.C. Artista desconhecido
Matan, neto de Ethaal, após um reinado de nove anos, morreu,
deixando uma filha já moça, Elisa, e Pigmalião ainda menino. Elisa, que é
conhecida na História como Dido, sucedeu ao pai, tornando-se rainha; casou-se
com seu tio Sicheus, homem muito rico e poderoso de Tiro, nobre e
sumo-sacerdote do deus Melcart.
Quando Pigmalião se tornou maior, deu-se uma revolução em
Tiro. Esta, para os historiadores, nada mais foi do que um levante da facção
democrática que, destronando Dido e assassinando Sicheus, proclamaria Pigmalião
rei knico.
Dido e Enéas. Afresco romano. Artista desconhecido.
Foto: Stefano Bolognini
Pigmalião desejava apossar-se dos tesouros do cunhado, de
cujo assassinato lhe atribuem a responsabilidade. Tal atitude ambiciosa levou
Dido a virar-se contra o irmão, embora sem demonstrá-lo.
Temendo ser também assassinada, resolveu ir para outra região
onde pudesse viver em paz com os tesouros de Sicheus. Arquitetou, então, um
plano de fuga.
Enéas apresentando Cupido vestido de Ascânio para Dido, Giovanni Battista Tiepolo
Estando na ocasião na ilha de Tiro, disse ao irmão que
pretendia alojar-se em seu palácio, situado na parte continental. Para isso
precisava de um navio, a fim de transportá-la juntamente com os tesouros. Pigmalião
deu-lhe a embarcação, recomendando aos marinheiros que vigiassem o tesouro para
que chegasse intato ao continente, onde se localizava a outra parte de Tiro.
No entanto, Dido havia mandado encher vários sacos de couro
com areia, dando-lhes o aspecto de conter o tesouro, ficando estes em evidência
para serem vigiados pela tripulação. O verdadeiro tesouro, Dido escondeu-o num
lugar secreto, dentro do navio. Quando estavam em alto mar, Dido disse aos
marinheiros que pretendia fazer uma oferenda aos deuses lares de seu marido, os
manes, e iniciou a cerimônia jogando os sacos de areia no mar. Os marinheiros
de Pigmalião não ousaram interferir na cerimônia religiosa.
A morte de Dido, Joseph Stallaert
Findo o ato, Dido proclamou-se juntamente com a tripulação
responsável pelo desaparecimento do tesouro, afirmando que Pigmalião haveria de
se vingar em todos, sem distinção. Temerosos, todos resolveram fugir com Dido
para a ilha de Chipre, onde embarcaram vários exilados de Tiro e ainda 80 moças
consagradas à deusa Astarté. Daí, os ventos levaram o navio para a costa da África,
onde Dido e seus companheiros da facção aristocrática fundaram a cidade de
Cartago, que contrastava com a democracia de Tiro.
Dido construindo Cartago, William Turner
CARVALHO, Delgado de. Historia Geral 1: Antiguidade. Rio de
Janeiro: Record, s.d. p. 86.
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