Escrava nua com tamborim, Frank
Buchser
No fim do século XV, por razões análogas às que mais tarde causariam o declínio do Império Otomano, o reino muçulmano do Magreb estava em plena decomposição. [...] Os portos correspondiam a outras tantas Repúblicas organizadas para o corso [...]. Os corsários, soldados da guerra santa contra os cristãos, pilhavam as costas, atacavam os navios, reabasteciam os mouros. Os espanhóis temiam uma coligação entre o Sultão egípcio e os soberanos do Magreb para auxiliar os mouros da Espanha. Os de Granada já haviam sublevado em 1501.
Para suprimir a ameaça que pesava sobre suas comunicações na bacia ocidental do Mediterrâneo, bem como os riscos de desembarque, para garantir a posse das bases necessárias às suas galeras ou a cabotagem que lhes é imposta, os espanhóis lançaram uma cruzada. Sucessivamente, tomaram Mers-el-Quebir (1505), Orã (1509), Bugia (1510), o Penon (Argel) e vários chefes passaram a pagar-lhes tributo. Mas os negócios da Espanha obrigavam-nos a contentar-se com uma ocupação restrita. [...]
Os muçulmanos solicitaram a ajuda de corsários instalados em Djidjeli, os quatro irmãos Barba-Ruiva. Em 1516, Arrudji Barba-Ruiva assenhoreou-se de Argel e encetou a submissão do interior. [...] seu irmão Khair-ed-Din Barba-Ruiva continuou sua obra e fundou a Regência de Argel. Para triunfar dos espanhóis e dos vencidos muçulmanos que procuravam a libertação, prestou homenagem ao sultão Selim [...].
Sufocou uma conspiração dos argelinos e das tribos, tomou Collo, Bona (1522), logo depois o Penon, constituiu em Argel, onde os corsários até então puxavam suas barcas para a areia, um porto que se transformou na principal base dos turcos, cômodo bastante para vigiar e interceptar as rotas do estreito de Gibraltar ao Mediterrâneo oriental, da Espanha do Sul para a Itália meridional e da Sicília. [...]
MOUSNIER, Roland. Os Séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 189-90. (História geral das civilizações, v. 10.)
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