"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 8 de julho de 2016

"O viver em colônias" [Parte 6 - A alimentação na colônia / O mar e as "veredas"]

* A alimentação na colônia. No litoral, o peixe e os mariscos entravam na dieta dos moradores. A carne-seca também era um dos principais alimentos da dieta colonial. Mas o alimento básico da grande maioria da população colonial era a mandioca, o "pão da terra". Introduzida na dieta dos europeus pelos índios, ela era consumida em toda a colônia. No Sul, entretanto, o consumo de milho era maior: sua produção nessas regiões visava suprir também a alimentação dos animais de carga destinados às minas.


Engenho de mandioca, Modesto Brocos

Depois da mandioca e do milho. as principais culturas de subsistência da população colonial eram o arroz e o feijão. Já o trigo era cultivado no Sul. Outra fonte de sustento ingerida por grande parte da população colonial eram frutas, mas essas e as hortaliças, em geral, consistiam artigos de luxo na colônia, exceto as bananas (algumas, como a pacoba e uma espécie de "banana-prata", já existentes no Brasil antes do descobrimento) e as laranjas, de cultivo amplamente disseminado no litoral brasileiro na época colonial, iniciado com mudas ou sementes trazidas de outros continentes.

Por problemas alimentares ou, provavelmente, de higiene, brancos, negros e mestiços eram frequentemente vitimados pelas disenterias; aliás, as doenças faziam sofrer a população colonial de forma indiscriminada. O "mal do bicho" - cuja prevenção incluía uma dose de cachaça tomada logo de manhã - atacava em toda a extensão do território. Os vermes e as doenças venéreas acometiam ricos e pobres em igual proporção.

* O mar e as "veredas". O principal meio de comunicação da colônia era o mar. A via marítima articulava os principais centros comerciais do território. No Nordeste, as estradas seguiam as rotas traçadas pelas boiadas e pelos rios. No Centro-Sul, as comunicações com as minas faziam-se a partir de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia. As distâncias eram imensas e as comunicações por terra eram difíceis, lentas e perigosas. Bandidos, quilombolas e indígenas hostis atacavam com frequência os viajantes.

O desenvolvimento de alguma atividade lucrativa de exportação determinava a abertura de estradas. Não havia uma rede de conexões que integrasse a população das várias regiões. No período colonial, o que se poderia chamar de "rede" era muito fragmentado e favorecia a criação de sistemas de comunicação isolados e antônomos.

A lentidão nas comunicações ditava o ritmo do tempo na colônia. Às vezes um comunicado ou uma condenação demorava meses, se não anos, até chegar ao destinatário. Isso trazia prejuízos enormes para os colonos, que muitas vezes dependiam de ordens vindas de Portugal.

MOTA, Carlos Guilherme; LOPEZ, Adriana. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Editora 34, 2015. p. 237-8.

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