Calendário agrícola medieval, Pietro Crescenzi, c. 1306
"A palavra calendário origina-se do latim calenda, nome dado pelos romanos ao primeiro dia do mês, que era também o dia da cobrança de impostos". (CABRINI, Conceição [et alli]. História temática: tempos e culturas. São Paulo: Scipione, 2009. p. 52.)
Por volta de 50 a.C., a República Romana, conduzida por Júlio César, estava se transformando em Império. Dentre as várias inovações administrativas introduzidas por César, uma foi a criação de um novo calendário, em 45 a.C., que ficou conhecido como calendário juliano.
Até esse ano, Roma adotava o ano de 360 dias, com 12 meses de trinta dias. [...] essa contagem apresentava um erro de cinco dias por ano; para corrigir esse erro, os romanos introduziam, de acordo com a necessidade, um mês extra no fim do ano. [...]
Aconselhado por astrônomos, Júlio César abandonou o mês de trinta dias, que ainda era um resquício do ciclo da Lua, e criou um novo calendário, totalmente baseado no Sol [...], no qual os anos tinham 365 dias, exceto um ano em cada quatro, que 366 dias. [...]
Se o ano de 365 dias fosse dividido em 12 meses iguais, cada mês teria 30,4 dias. Para evitar esse problema, Júlio César estabeleceu que os meses teriam alternadamente 31 e 30 dias, começando com 31.
Dessa forma, somando-se os 11 primeiros meses, chegava-se a 336 dias, restando 29 dias para completar o ano de 365 dias. Ficou então estabelecido que o último mês do ano teria 29 dias e, nos anos bissextos, 30 dias.
O sistema criado por Júlio César era fácil de utilizar e de memorizar: começava com um mês de 31 dias, depois vinha um de 30, um de 31, e assim alternadamente, até que o último tinha duração variável. Infelizmente, alguns anos depois, essa solução foi estragada por interesses políticos. O problema surgiu com a prática de homenagear deuses e imperadores dando seus nomes aos meses do ano. O primeiro mês recebeu o nome do deus Marte (surgindo o mês de março), o quarto mês recebeu o nome da deusa Juno, e assim por diante. Ao próprio Júlio César coube o quinto mês, que até hoje se chama julho. Com a morte de Júlio César, assumiu o poder o imperador Augusto, que foi homenageado com o mês seguinte (agosto).
No entanto, algum bajulador notou que o mês de Júlio César tinha 31 dias, enquanto o mês de Augusto tinha somente 30. Fez-se, então, uma alteração no calendário: o mês de agosto ganhou um dia, roubado de fevereiro, que passou a ter 28 e 29 dias.
Isso trouxe um problema: uma sucessão de três meses de 31 dias - julho, agosto e setembro. Para evitar isso, alteraram-se todos os meses, de setembro a dezembro. [...]
Como os cônsules, eleitos com o mandato de um ano, tomavam posse em 1º de janeiro, essa data passou a marcar o início do ano, prática que se estende até hoje.
CHIQUETTO, Marcos José. Breve história da medida do tempo. São Paulo: Scipione, 1996. p. 25-28. (Coleção Ponto de apoio)
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