Creso na fogueira, Myson. [Lado A de uma ânfora Ática de figura vermelha, ca. 500-490 a,C.]
[...] Os lídios beneficiaram-se de um patrimônio cultural acumulado durante milênios pelas civilizações mais antigas do Oriente Próximo e que fora, por assim dizer, depositado aos poucos através da tradicional rota milenar que ligava Babilônia, Ptéria e Sardes.
A penetração dos gregos no reino
lídio, atraídos certamente pela magia do ouro abundante, fez com que os mesmos
aproveitasse, também o legado cultural. “Tomaram eles mais do que os tesouros:
a Lídia, bem próxima de suas cidades da Ásia, foi certamente, um dos caminhos,
e indubitavelmente o principal, pelo qual entraram em contato com o Oriente. Técnicas
artesanais e artísticas, ideias e práticas religiosas, temas míticos, observações
científicas: bem pesada foi a soma de seus empréstimos. Isto porque o acaso não
é suficiente para explicar o avanço que a Jônia, associada e praticamente
submetida a Sardes, tomou, então, sobre as outras províncias do mundo grego:
nenhuma encontrava tão grandes facilidades para tirar proveito das experiências
do próximo”.
“Os gregos extraíram de um
terreno inesgotável toda espécie de noções que renovaram mais ou menos sua
religião, seu comércio, sua indústria, sua arte e que lhes permitiram
transformar a tradição em ciência [...]”.
“Sem este intermediário não se vê
como os cálculos dos astrólogos e as cartas dos geógrafos babilônicos teriam
sido transmitidos à Escola de Mileto. Foi na Lídia, enfim, que os gregos
observaram, pela primeira vez, o despotismo das monarquias bárbaras: espetáculo
instrutivo, que ofereceu modelos aos tiranos, mas que fez também sentir aos
cidadãos sua superioridade de homens livres”.
Uma contribuição dos lídios à
civilização foi a cunhagem de moedas. Tal cunhagem foi uma necessidade imposta
pela intensidade do intercâmbio comercial. O numismata francês Lenormant,
estudando a origem da moeda, chegou à conclusão de que a cunhagem de moeda foi
feita isoladamente na Lídia e em Argos.
Creso teria sido o primeiro
soberano do mundo mediterrâneo a cunhar ouro. Suas moedas possuíam a forma ovóide
e apresentavam numa das faces, em meio corpo, um leão e um touro olhando-se de
frente. Chamavam-se creseidas da Lídia.
GIORDANI, Mário Curtis. História da antiguidade oriental. Petrópolis:
Vozes, 2012. p. 319-320.
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